Friday, April 30, 2010

suspiro

O corpo
O corpo pálido de saber onde mora a janela
do teu animal pede
que o visites no lugar onde lhe deixaste plantado
o verde mais teu que da natureza
e sabe, o corpo sabe
que na leveza desta visão clarificada
mora a certeza brotada
do teu jardim em flor.

Wednesday, April 21, 2010

sonho 3

Subi a escadaria eterna,
no meio do prado, em caracol,
e ladeada por uma núvem terna,
bamboleou-se-me a cansada perna
e encadeou-me o Sol.
Soube que não podia descer.
"Se chegaste aqui,
consegues voltar!"
Não, eu sabia que não,
e de medo faltou-me o ar.

Friday, April 16, 2010

Parque

Paro, escuto, olho.
ACORDA, diz o outro
que sabe melhor que eu onde me encontro
e é perto de uma passadeira.
Que vergonha, será que percebeu,
o que é que me deu?
Estava de tal maneira
que nem o vi aproximar.
E, bem, verdade é que na cabeceira
tenho uma colecção inteira
de poemas, a estragar,
de sementes que vou guardando
para um dia plantar.

Thursday, April 15, 2010

tarde cheia de luz

Essa capa destapa a pele
das verdades e de quem se é.
Ai que belo! Que divertido!
Tão amarelo! Tão bonito!
Tudo, claro, isto tudo sentido,
juro, juro, querido,
não te estou a mentir.

Para quê desenlaçar o presente?
Fica tão bem o enfeite
e deixa todos a sorrir.
Dá trabalho, não é,
cavar, arrancar, partir,
trazer ao de cima, e, ao de leve,
devagarinho, gostar.

Tudo que é rápido é intenso!
Ao amor? Não, não sou propensa,
obrigada,
prefiro seguir o fado de ver o mundo
de fora.
Deste lado é sempre hora
de cantar.

Tuesday, April 13, 2010

Catarina de Gaia



Devolvo (tentando não desenvolver)

Txau,
até logo,
até depois,
já cá venho.
Se não te vejo, não te tenho
comigo, e se te oiço uns sussurros
parece que crescem muros
que te silenciam.
A quem pertenciam
os meus gestos? A mim?
Não creio,
mas se pensas que me chateio
desengana-te. Os gestos são dos mundos
mais supérfluos ou mais profundos,
e trazê-los é devolvê-los a casa
numa brisa que vem e esvoaça
e me faz chegar.
As minhas marcas são para te chamar
ao meu mundo,
que me parece muito supérfluo
ou pouco profundo
quando não te consigo encontrar.

Sunday, April 11, 2010

Exercício 2


Olhar lilás para as coisas

Onde estás tu?
Tanto tempo passou desde que te vi
a tomar chá no café da esquina.
Imagina que tenho passado lá!
Já era de prever, eu sei
que sabes o meu jeito
imperfeito, eu sei, eu sei, mas
imaginei ver-te no domingo.

Dia bonito, hã, este dia de Primavera
A cada dia que passa desinvernam-se os tempos
os tormentos, e também se encerra
uma estação.
Está-me a aquecer o coração
de ver as flores florir
faz-me viver, faz-me feliz,
faz-me escutar aquela canção
dos meus tempos de infância.
Ai, a reminiscência do agir
traz-me tão mais que poesia,
tão, tão mais que poesia,
alegria.

Exercício


Friday, April 09, 2010

it's that mood indigo (indagando)

Conta-me das tuas histórias,
daquelas que ficaram para trás
e das outras que estão por vir

Fala-me das tuas memórias
mais antigas, e das outras,
e trauteia canções que gostes de ouvir.

Diz-me aqui, baixinho,
qual é a tua cor favorita?
É aquela que tens no sorriso
que trazes contigo?

Ai! Fala-me, fala-me das mudanças,
das tuas mudanças e das tuas esperanças
daquilo que te move, que te muda,
daquilo que sabes e te aturda
o pensamento!

Qual foi o momento
mais especial da tua vida?

O que guardas aí, nessa sacola,
que trazes ao ombro, meia aberta,
olha que ainda te é descoberta
a graça. É que até me embaraça
o teu encantamento.

Qual foi o momento
mais engraçado do teu dia?

Fala-me do teu sonho, da tua fome,
da utopia que trazes nos olhos,
para ver o mundo assim.
É que, às vezes, a mim,
a coisa cega e eu perco-me.

O que é que te prende à Terra?
O que é que te traz aqui, agora,
que não trouxe mais cedo, e demora
a ser dito? O que é que achas bonito?

É só impressão minha, ou...



e



são parecidas?

...lembra, não lembra?

Thursday, April 08, 2010

Por falar em estados de espírito...



It's all too strange and strong

Wednesday, April 07, 2010

"Em 77 todos se drogavam"

O título não é meu, mas valeu a pena roubar.



Especial atenção nos segundos 0:30 e 1:47. E, já agora, reparem como a música encaixa nas situações a ponto de ser - quase - assustador.

Espero que se riam tanto quanto eu me ri.

Tuesday, April 06, 2010

Perco (tudo sempre no auge)

Será o momento que desertou
maior no pensamento
que na realidade? Ou fora
assim tão enorme como me parece
agora? Foi verdade?
Foi, ou é, ou o que se passa,
como se traça o mundo
entretanto,
enquanto não estou contigo,
enquanto revejo tanto?
É sonho? Ou é pesadelo?