Sunday, July 11, 2010

Feliz
tenho sono, tenho calma,
apesar das pequenas borbulhinhas
no corpo e na alma,
vou sair amanhã pela tarde.

Vinte
e duas horas depois das dezasseis,
é por lá que me baterei na rocha
trarei o fio no peito e uma tocha
para dormirmos sem medo.

Dias
que parecerão minutos escassos
tal será a ocasião e os espaços
assemelhar-se-ão
Ao
Sol

Thursday, July 08, 2010

E foi nas vezes em que mais insana aparentei ser
que mais me revi, qual espelho,
ainda que os olhos do outro lado se assustassem.
Nem soube se os meus se outros,
quem sou eu e quem sois vós? Às vezes não consigo discernir.
É espelho é, mas se sou eu, como posso não saber?

Sunday, July 04, 2010

Viagem em violento azul

Soubeste do pássaro que poisou no parapeito
da janela do jardim? Eu já não o encontrei
mas contaram-me que chegou por mim.
Trouxe orquídeas, orvalhos, odores,
horas de alturas ardendo amores,
mas perdi-me nas pedras do passeio
viajei em voltas, em voltas vagueio
vendo se o via, mas já o perdi.

Soubeste do calor que cantou na cidade?
Não o senti, mas em boa verdade
soube, como se sabem nesta idade,
os trauteios da sombra e da saudade.
Que o calor que cantou caiu pela calçada
queimando os pés a pedra perfurante
do transeunte distante, e ardeu longe,
Longo e distante, o peito do breve amante
em largos decalques de sol cortante.