Monday, January 17, 2011

se quiser pode ficar

Não se deve ter medo da senhora,
deve deixar-se que entre.
Por que não? Mais um convidado em casa
é sempre bem querido.
Venha, senhora,
entre e encha o meu abrigo,
tenho aqui pedaços de alma
e sons a acompanhar.
Sei que domina a arte
de fazer sonhar.
Nem precisa de me falar disso,
sempre que a vejo recordo-me
dos tempos de criança,
que são tempos de agora, até,
nestas horas cheias de fé
em que o coração balança.

Ouvi dizer que gosta de CocoRosie
e escrever, é certo?
Aperto-lhe demasiado as mãos assim?
Ai, desculpe, só não quero que tenha frio,
chegue-se para perto, aqueça-se em mim.
O meu corpo é grande,
chega para nós duas.

Sunday, January 09, 2011

deserto em lugar de selva

Eu não sei o que faço aqui

- e é genuíno, sincero e até comedido,
na medida em que não expludo
em linguagens ou gestos ou sons.

São três...dois...um...segundos lentos
e lânguidos que passam doendo,
oh sonhos que outrora vibravam
num peito quente. E ardendo, sim,
ardendo depressa o que de mim jaz
agora, era madeira em lugar de coração,
eu sabia, é pó e cinza que desfaz.

Saturday, January 01, 2011

dedico ao tempo, que passa

corre, mas não canses

Olá
Já chegaste e continuas tão longe

És horizonte e desejo mas medo,
não me leves a mal, sou nova nisto,
ou menos nova agora que chegaste.

Como é que continuas a chegar
dentro dos limites da normalidade
sem que ninguém te detenha?
Serás assim tão poderoso?
A criança que te desenha não vê
nos lápis de cor as sombras que trazes atrás
mas luz e forma,
em forma de paz.

Oh tempo-tão-poderoso não me leves
como ainda não levaste até agora,
ainda que tenha passeado contigo.
O teu saber é até amigo
quando me acompanha na aurora.