Tuesday, October 30, 2012

trubitrio

o doce condensado derreteu na chapa quente
no lado de fora do bule que fora roubado para este propósito.
queima, é pegajoso, quente demais,
lábio queimado, lingua que dói,
mão assaz, vermelha e escamada,
pé na bota, bota pomada,
tudo quanto é demais corrói
de uma forma agridoce.

Thursday, October 25, 2012

de noite

quando dormes o mundo respira
por saber que descansas, e olho para ti,
gosto tanto de olhar para ti.
oiço-te respirar, às vezes emites alguns sons
que entendo com carinho, e graça,
e abraço-te tentando não te acordar.

quando dormes a tua pele fica diferente,
mais húmida, mais quente,
como que a libertar o resto do dia em ti.
colo-me nela o mais que consigo,
agarro-me o mais possível ao teu corpo
e desprendo-me do mundo contigo.

quando dormes a tua barba cresce,
passam dias e noites diante dos meus olhos
nos minutos em que te observo.
vejo-te ali, no momento, e antes e depois,
és muito menos palpável do que significas.

quando dormes tenho medo de te acordar,
gosto que durmas, e que estejas perto,
o som do bater do teu coração aumenta,
o teu cabelo despenteia-se, ainda que pouco,
os teus lábios parecem maiores,
as tuas pernas e as tuas mãos às vezes tremem,
e abraças-me.