Aqui,
onde passam as ambulâncias, lá fora,
onde oiço o órgão de igreja na rádio
o ar é quente, denso,
às vezes custa-me respirar.
onde passam as ambulâncias, lá fora,
onde oiço o órgão de igreja na rádio
o ar é quente, denso,
às vezes custa-me respirar.
Os dias passam como dantes
mas as estações perderam os limites.
As do tempo, as do comboio,
é uma viagem sem destino
que me deixa instavelmente estabilizada.
Tenho dificuldades em ver os carros parados.
Não sei quando voltarão a andar.
E se
o voo dos pássaros estivesse mesmo ali
e eu sem lhes conseguir tocar?
Não sei quando voltarão a andar.
E se
o voo dos pássaros estivesse mesmo ali
e eu sem lhes conseguir tocar?
Movimento, apatia,
estar-se parado é não ter caminho.
A menos que a estrada seja interna,
e se nessa não me movo, silencio.
As cordas do violino agora, na rádio,
lembram também que há espaço para a mudança,
e o seu tremelicar demonstra
que na vulnerabilidade reside a força,
a beleza intocável, intrínseca.
lembram também que há espaço para a mudança,
e o seu tremelicar demonstra
que na vulnerabilidade reside a força,
a beleza intocável, intrínseca.
E não sei se há som mais bonito
que o do piano, quando chora,
aquele bonito piano branco, que chora.
que o do piano, quando chora,
aquele bonito piano branco, que chora.
No meio de tantas viagens
quiseram os meus pés trazer-me aqui
a esta areia fria, sóbria,
que lembra com melancolia os dias de Verão.
quiseram os meus pés trazer-me aqui
a esta areia fria, sóbria,
que lembra com melancolia os dias de Verão.