Sei que o de trás já passou
Subtilmente, sem que o visse fugir
Sempre cantando baixinho
Soprando ao de leve, levezinho
"Ser criança é sorrir!
É não saber, é sentir
É correr, é distrair,
É saltar.
Ser criança é ser do mar,
Ser do fogo, ser da terra, ser do ar,
Ser.
Ser.
Ser..."
Se as memórias cantassem baixinho também,
Seriam sussurros doces.
A infância, a doce infância,
De Verões que sabiam a gelados
De canções que tocavam aos sábados.
E aos domingos!
Minha, a ignorância.
É que às vezes, a infância,
Se guardada dentro de nós,
Sabe esconder-se bem.
E sai-se, por vezes, sabendo surpreender-nos,
Rebentando em nós tremenda saudade,
Sabendo sempre lembrar que a verdade
Esta que hoje sabemos,
Está longe da realidade que um dia
Um dia, em tempos,
Conhecemos.
Tenho saudades tremendas!
Saudades que sinto como fendas
Que o hoje não sabe suturar.
São tristes, não necessariamente más.
São aquilo que são, e nada mais.
Vêm lembrar-me os meus pais, em dias de antigamente,
Quando dizia, a gente,
"Ainda a vida te está pela frente",
E outras coisas tais...
Tenho também saudades que chegam, e sucumbem,
São essas saudades as que me acudem
Sempre que parece não haver esperança.
É que às vezes, a tristeza é mansa
E penetra-se nas fendas.
Nestas fendas que as saudades tremendas
Parecem rebentar.
São saudades que nunca poderei travar.