Há uma corda que me prende
os membros
e não me está a deixar fugir.
Então fico, na apatia,
na dor da apatia,
e estando a sorrir,
não estou
nem estou,
não me deixa partir.
Estado ou ser?
Não sei.
Nem sei se é dor
se é recorte de caminho.
seja como for
sei que tenho de me compor
sei que quero ficar sozinho.
Tenho um isqueiro na mão,
(tenho mesmo!)
Mas não tenho a força para fazer arder
a corda
que me está a prender.
Acendo um cigarro, e outro,
tudo fácil,
tudo que é fácil,
eu faço por fazer.
Bebo a água, que traz o trago amargo
de um limão,
e não lhe ponho açúcar.
Sozinho, quero ficar sozinho,
Sozinho porque livre de pensamento.
É que se estiveres tu no sonho
estou atado na corda,
na apatia, no medonho,
que é estar preso em mim próprio
sem estar, no entanto,
propriamente em mim.
F.
Tuesday, December 29, 2009
Wednesday, December 23, 2009
Osklen SPFW 2009
E digam o que disserem, venha o que vier, esta será sempre uma das minhas marcas de eleição.
Sunday, December 20, 2009
carta 2
O que é escrito, escrito está,
E fica, fica, fica, fica...
Ainda que as luzes digam adeus.
Mas olha, assim como assim,
Pode ser que não chegue quem leia
Já que todos têm que fazer.
É que se há coisa que chateia
É meter-se em vida alheia
Sem ter muito que dizer.
É a coisa do remetente, já disse,
E não se quer enviar cartas erradas.
É que há uns a quem chegam certeiras,
Perfurando-os como espadas,
Mudando histórias inteiras.
"Ai, desculpa, não era para ti!"
Tarde demais.
É que a escrita fica, fica, fica...
E não fica para ti.
Fica para todos, aqui, ou ali,
Fica para quem quiser ler.
E quem lê chega à cova dos lobos
Que muitas vezes descobre
O que nem tem que saber.
Fechemos então os olhos.
Digamos adeus à claridade.
Silêncio. Ouvir. Sentidos.
Já que tão pouco do mundo é verdade.
E fica, fica, fica, fica...
Ainda que as luzes digam adeus.
Mas olha, assim como assim,
Pode ser que não chegue quem leia
Já que todos têm que fazer.
É que se há coisa que chateia
É meter-se em vida alheia
Sem ter muito que dizer.
É a coisa do remetente, já disse,
E não se quer enviar cartas erradas.
É que há uns a quem chegam certeiras,
Perfurando-os como espadas,
Mudando histórias inteiras.
"Ai, desculpa, não era para ti!"
Tarde demais.
É que a escrita fica, fica, fica...
E não fica para ti.
Fica para todos, aqui, ou ali,
Fica para quem quiser ler.
E quem lê chega à cova dos lobos
Que muitas vezes descobre
O que nem tem que saber.
Fechemos então os olhos.
Digamos adeus à claridade.
Silêncio. Ouvir. Sentidos.
Já que tão pouco do mundo é verdade.
Friday, December 18, 2009
Canção da esperança
O mundo faz-me rir.
Se porque tropeço ou meço mal os passos
O mundo traz-me rir.
Por quanto de sol há lá fora
E por quanto brilha na aurora
O mundo deixa-me rir.
E se eu caiu nos enganos,
Redondamente,
Reparo, se a memória não mente,
Que por cada vez que remedeio os panos
Cresço outros vinte anos
E rio perdidamente.
Se porque tropeço ou meço mal os passos
O mundo traz-me rir.
Por quanto de sol há lá fora
E por quanto brilha na aurora
O mundo deixa-me rir.
E se eu caiu nos enganos,
Redondamente,
Reparo, se a memória não mente,
Que por cada vez que remedeio os panos
Cresço outros vinte anos
E rio perdidamente.
Sunday, December 13, 2009
sonho 2
Hoje trazias as calças velhas,
Disseste que querias correr à chuva.
Mas o que é que te deu?
Ainda ontem um amigo meu
Me lembrou que é Dezembro
E está frio, homem!
Disseste que querias correr à chuva.
Mas o que é que te deu?
Ainda ontem um amigo meu
Me lembrou que é Dezembro
E está frio, homem!
Discurso da gerbera amarela
Há uma flor de que eu gosto, e é a gerbera. De todas as cores que pode ter, prefiro vê-la amarela.
Às vezes vendem gerberas à porta de minha casa, na Avenida 22 de Dezembro, e quando as compro é para oferecer à minha mãe, que gosta de flores amarelas.
A gerbera tem um caule comprido e muitas pétalas, fininhas. O centro é mais escuro que elas, geralmente. Quando as pétalas são amarelas, o centro é castanho e parece peludo. Às vezes faço-lhe festinhas. É, literalmente, fofinho.
Eu gosto de gerberas. Elas comunicam comigo quase naturalmente - confesso que nos esquecemos das questões de mediação e de interditos quando estamos juntas - e com uma linguagem muito simples. Eu olho para ela, e ela fica. Gosto de a contemplar e às vezes consegue transmitir-me a calma que a caracteriza. É giro.
Eu gosto de gerberas. Gosto especialmente das amarelas, que me lembram a minha mãe - eu gosto da minha mãe. Brilham muito e chegam a parecer sóis. Quando as ofereço à minha mãe e ela sorri também parece um sol.
Eu gosto de gerberas. Devia haver mais canteiros pelo mundo fora. Nos passeios, entre as pedrinhas, gostava que crescessem gerberas. Assim podia, de vez em quando, trazer uma flor no cabelo. Então se fosse amarela é que era! É que eu gosto da cor, e é até a cor do meu cabelo.
Às vezes vendem gerberas à porta de minha casa, na Avenida 22 de Dezembro, e quando as compro é para oferecer à minha mãe, que gosta de flores amarelas.
A gerbera tem um caule comprido e muitas pétalas, fininhas. O centro é mais escuro que elas, geralmente. Quando as pétalas são amarelas, o centro é castanho e parece peludo. Às vezes faço-lhe festinhas. É, literalmente, fofinho.
Eu gosto de gerberas. Elas comunicam comigo quase naturalmente - confesso que nos esquecemos das questões de mediação e de interditos quando estamos juntas - e com uma linguagem muito simples. Eu olho para ela, e ela fica. Gosto de a contemplar e às vezes consegue transmitir-me a calma que a caracteriza. É giro.
Eu gosto de gerberas. Gosto especialmente das amarelas, que me lembram a minha mãe - eu gosto da minha mãe. Brilham muito e chegam a parecer sóis. Quando as ofereço à minha mãe e ela sorri também parece um sol.
Eu gosto de gerberas. Devia haver mais canteiros pelo mundo fora. Nos passeios, entre as pedrinhas, gostava que crescessem gerberas. Assim podia, de vez em quando, trazer uma flor no cabelo. Então se fosse amarela é que era! É que eu gosto da cor, e é até a cor do meu cabelo.
Monday, December 07, 2009
sonho 1
Sempre quiseste saber o canto dos pássaros,
Rapazinho da viola!
Achavas mesmo que ias voar?
Tua mãe não te deu asas,
e eu que até chilreio
também não tas sei dar!
Rapazinho da viola!
Achavas mesmo que ias voar?
Tua mãe não te deu asas,
e eu que até chilreio
também não tas sei dar!
Pim pam pum
,cada bala mata um
Lá em cima do Huambo
Tem um copo com veneno
Quem bebeu
morreu
Pim pam pum, cada bala mata um
Lá em cima do Huambo
Tem um copo com veneno
Quem bebeu
morreu
Quiribi, quiribi macaco
Macaco que é boa
Lá em cima do Huambo
Tem um copo com veneno
Quem bebeu
morreu
Pim pam pum, cada bala mata um
Lá em cima do Huambo
Tem um copo com veneno
Quem bebeu
morreu
Quiribi, quiribi macaco
Macaco que é boa
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