Sete. Sete da manhã que sabem a noite
e é noite, está escuro lá fora.
Onde pára a aurora?
Configurei o meu olhar com limites de moldura pitoresca
e quero voltar a ver o mundo às corezinhas
mas está-me a custar.
sabem, estou a chorar.
talvez seja deste sono
imundo
este sono profundo
que se estende
pelo corpo
pela sede
pelo desejo
ai! se soubesses como prevejo
os dias anteriores a mim!
eu sei, eu sei que vou voltar,
digo-o repetidamente
digo
digo
digo
digo esperançosamente
que só a posso deixar morrer
depois de mim.
às vezez de que vale a pena viver
se não por capricho dos outros?
não tenhais pena,
não sou vítima,
mas às vezes,
nestas vezes,
a dor é tão íntima
que não dá para entender.
discorro.
não me levem muito a sério,
eu não me levo muito a sério,
talvez o problema seja esse.
mas não me entristece,
triste é a apatia
que se apossou de mim.
mas na selvajadaria das ramificações
eu sei que serei mais forte
é a mente
é o brio
é a sorte
é o canto em magote
que repito assim assim.
vou dormir, eventualmente,
e será em breve, garanto.
vim só discorrer este pranto
que quis sair, fugir assim,
depressa e em espanto.
é sinal que sobrevive num recanto
aquilo que me aquece
e num breve sopro reaparece
relembrando-me de mim.
vou dormir.
quando acordar, virei pé ante pé,
devagarinho, com algum cuidado,
que o sono ficará adormecido
demente, podre, entorpecido,
esquecido, seco e vago.
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