Quero rasgar as cartas que te escrevi
ou queimá-las, para não ter mais de as ver,
mas temo o cheiro que tragam as cinzas.
quero esquecer,
quero esquecer as melodias,
as tuas mãos, as fotografias,
os dedos entrelaçados os olhos
os fados e os folhos das saias que usei
só para te ver sorrir. quero
quero esquecer a vontade, a beleza,
a saudade, a certeza,
deixar-me de prantos
que são tantos, são
são tantos.
Talvez te devesse dar as cartas
e gritar-te ao estômago, pelas borboletas,
tudo de um só fôlego,
sem cinismos, sem letras,
sem mecanismos ou mediações.
Quisera eu ter vários corações
para poder dividir o tanto que trago,
ou queimar as cartas, descoraçada,
que são elas mais tuas que minhas e,
afinal, não valem de nada.
No comments:
Post a Comment