Soubeste do pássaro que poisou no parapeito
da janela do jardim? Eu já não o encontrei
mas contaram-me que chegou por mim.
Trouxe orquídeas, orvalhos, odores,
horas de alturas ardendo amores,
mas perdi-me nas pedras do passeio
viajei em voltas, em voltas vagueio
vendo se o via, mas já o perdi.
Soubeste do calor que cantou na cidade?
Não o senti, mas em boa verdade
soube, como se sabem nesta idade,
os trauteios da sombra e da saudade.
Que o calor que cantou caiu pela calçada
queimando os pés a pedra perfurante
do transeunte distante, e ardeu longe,
Longo e distante, o peito do breve amante
em largos decalques de sol cortante.
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