Monday, December 27, 2010

manjar

E come
e come
e come,
mais fruta,
chocolate,
mais bolos,
as flores!, não!, as flores não!
mas é tarde, Trazes as mãos de polvo
com que por vezes escreves
e de onde sempre o prazer louco,
que achas pouco, provém.

Grita o pai, o avô, grita a mãe!,
eis banquete de beleza extrema
em que o lugar da contenda
dá forma à tradição.
Mas, e daí, as flores não,
o chocolate,
e as frutas,
e, ai, os bolos também.

Polvo na mesa, falo da tua mão,
e já pouco há que manjar.
Restam os gritos, os apitos,
as pessoas a celebrar,
as barrigas cheias e
cheias as flores de pesar,
não porque restem, mas porque sobram
as pétalas.
"e as texturas, os odores,
os hortos cheios de amores
e o carinho, onde pára o vinho
que se faz para beber? sóbrios,
sóbrios de tanto que é podre,
que se perdem no caminho
e sozinhas ficamos na jarra."

A mesa ficou vazia.

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