Monday, November 05, 2007

O Problema existencial da relação amorosa / O problema de um namoro / Qualquer coisa parva que anda na minha cabeça

Ok,hoje o título será provavelmente maior que o post! E isto por um motivo ou outro bem simples: é tarde e tenho sono, e queria explicar uma ideia que tenho bastante complexa, que me poderia levar horas aqui a descrevê-la... Vou tentar torná-la sucinta e minimamente compreensível.
O problema de um vício, uma vontade súbita, um desejo, um querer, é o ter experimentado. Afinal de contas, não gostamos do que não conhecemos. Nem assim poderia ser,não temos poderes extra-sensoriais,feliz ou infelizmente. E quem diz que gosta ou não do que não conhece não engana mais ninguém que a ela própria. Por isso, é pois evidente que também acontece com relações ou namoros,como quer que se queira chamar a isso que envolve duas pessoas e algo que as une. Essa ligação pode fazer-se pelo amor,pela paixão,pelo companheirismo. E seja pelo que for, a relação contém, no seu elemento indivisível, uma série de elementos específicos que a tornam não só única como igual a qualquer outra. E não me refiro a qualquer outra de qualquer outra pessoa - mas sim dessa mesma pessoa. De uma relação para outra, de um relacionamento para outro, e não apenas relações amorosas, compreenda-se isso, há sempre um certo número de semelhanças. E elas são o que determinam a sua possível repetição.
Vejamos isto com os exemplos quotidianos, banais. Temos um amigo que tem outro amigo, e somos apresentados entre nós. Sabemos como agir, e agimos porque queremos, porque gostamos de socializar. E gostamos porque sempre o fizémos, como meio de sobrevivência (o viver em comunidade) e não só. Hoje também é uma questão que abrange desde comodidade a objectivos (entenda-se que não subestimo a amizade,pelo contrário!). Tendencialemente, quem não sai de casa, não se habitua a conviver, prefere a comodidade do que o rodeia. Sabe como agir, como "as coisas" lhe responderão, sabe o que esperar - uma resposta. E o ser humano, claro, gosta de saber que respostas terá. Ninguém,ou poucos, agem pelo simples agir - acho que já o havia dito antes aqui no meu blog (ou terá sido no meu livro?) - mas sim porque sabem que terão uma resposta, seja ela positiva ou não, de volta. É, dizem que pertencemos a uma sociedade materialista, mas eu encaro isso mais como uma certa "habituação" à constante pergunta-resposta, acção-reacção que o mundo nos concede. É claro que há quem seja mais sensível a estímulos, precise mais de respostas. Isso é invariavelmente encarado como uma certa carência e indefinição pessoal. Também se lhe pode chamar vontade de conhecer melhor o mundo! Testar,para saber o que esperar! Mas quanto a essa questão da sensibilidade, cabe a cada um interpretar do modo que se queira (como qualquer outro assunto,claro,mas digo-o dentro da "teoria" que elaboro, pois esta parte do assunto é pouco relevante).
Redireccionando esta mensagem para os relacionamentos amorosos, parece-me a mim bastante óbvio onde quero chegar. Conheço quem nunca tenha namorado - e não são minimamente tristes por isso - nunca sentiram necessidade, vontade de seguir, quanto mais não fosse, a corrente da juventude de hoje, tão virada para a banalidade de tanta coisa neste campo. Mas quando a vida sentimental se insurge, toda ela, com todos os problemas que, não lhe estando intrísecos, acabamos por deixar aparecer, não a podemos fazer morrer por ali. É algo tão natural...quanto a sede, já diria alguém. Já aprendemos a amar, seja de que maneira for - mais carnal ou platónica - e não queremos fazer-nos deixar de amar. E partimos em busca, consciente ou inconscientemente, de algo que julgamos trazer-nos a felicidade.

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