Thursday, January 15, 2009

Vi um gato no beco

Sabem quando nos alheamos de tudo e somente observamos?
Isso acontece, de facto, "até ver". É, até "se ver" a imagem mais bela, ou se se interpretar isso dessa forma, numa coincidência fantástica.

Montras, feixes de luz, irradiando,
Soltando de si falsa vida e cor,
Que daquela frieza azulada choravam
Efémeros pedidos de' terno, doce calor.

Mas digo-o assim porque assim o era,
Efémero, seco, igual, descartável,
Asfixiei-me em desespero, que vi a vida torcida,
E quero acreditar que o solo é arável.
Ainda.

E eis que entre dois antros de aridez grotesca vi,
Bem no meio, num beco rosa, ou salmão,
(Era de noite, não se via bem)
Um gato malhado.
Um lindo e gordo gato, como o das revistas cor-de-rosa.
Num beco rosa, ou salmão.
(Eu estava sem óculos)

Topei-lhe o ar sereno, no meio daquela agitação seca,
Enquanto estava sentado, incrivelmente direito.
Olhava para cima, olhava, para cima, para a parede salmão,
E mais não fazia que aquilo. Era perfeito!
Fixava o olhar e permanecia, na sua solidão.
(E achava eu que estava alheada.
Alhear-se sabem os gatos, que são espertos. Por isso é que têm 7 vidas.)

1 comment:

Anonymous said...

:U