Wednesday, February 11, 2009

Foge lê-se como Foz

- Isto é lindo!!! Isto, isto é lindo! É o tim-tim-tim, é o grave das notas, é um amorzinho de toque. Lembra-me seda e verde esmeralda. Nuvens no céu e pardais.
- A mim, faz-me chorar pelo perdido. Chorar pelo belo, para despejar o feio.
- Mas já viste bem como toca rápido e percebe a pauta? Porque nem sempre é rápido, é só em determinados momentos. E olha! Ahahah, olha, que faz o meu braço dançar de entusiasmo!
- Parece que a vejo tocar em bailados. Lembro-me, agora, do Palácio da Foz. O único de que me lembro de alguma coisa, se é que me lembro de coisa alguma. E esqueço-me agora também, pois que me perco. É lindo sim. Isto, é lindo!

- Quero usar o meu pendente dourado.
- Porque não o fazes agora?
- É tarde. Ninguém, a esta hora, se atreverá a sair comigo só para que possa mostrar o pendente.
- Que belo é o teu pendente.
- É. Descobri-o onde não havia mais mas onde o podiam ter achado antes de mim. Mas fui eu! Eu, quem o trouxe.
- Queres sair comigo?
- Não, tu podes vê-lo aqui e não o quero mostrar só mais à noite fria e cabisbaixa. Fico aqui no calor da casa a olhar para ele, pois que aqui me faz sorrir.

- Hoje não quero sorrir, por mais belas que sejam as coisas e as músicas.
- Hoje quero sorrir mais que ontem.
- Hoje perdi.
- Hoje ganhei.
- Hoje choro.
- Hoje preciso de sorrir timidamente por isso.
- Hoje busco.
- Amanhã logo vejo.
- Não me percas de vista.

Ouvir La Campanella e pensar. Pelo Rubinstein.

1 comment:

Inês Rodrigues Correia said...

Muito bom Maria João, vê-se logo que foste inspirada por boa música ahah :D

Falando a sério, tenho vindo a gostar cada vez mais dessa atitude eclética. Tu és a apologia daquilo que defendo: alguém open-minded que não se deixa travar por preconceitos ou barreiras de estilo na descoberta das coisas. Retribuindo o que um dia me disseste, admiro-te por isso :)

Inês