Sunday, December 20, 2009

carta 2

O que é escrito, escrito está,
E fica, fica, fica, fica...
Ainda que as luzes digam adeus.

Mas olha, assim como assim,
Pode ser que não chegue quem leia
Já que todos têm que fazer.
É que se há coisa que chateia
É meter-se em vida alheia
Sem ter muito que dizer.

É a coisa do remetente, já disse,
E não se quer enviar cartas erradas.
É que há uns a quem chegam certeiras,
Perfurando-os como espadas,
Mudando histórias inteiras.
"Ai, desculpa, não era para ti!"

Tarde demais.

É que a escrita fica, fica, fica...
E não fica para ti.
Fica para todos, aqui, ou ali,
Fica para quem quiser ler.
E quem lê chega à cova dos lobos
Que muitas vezes descobre
O que nem tem que saber.

Fechemos então os olhos.
Digamos adeus à claridade.
Silêncio. Ouvir. Sentidos.
Já que tão pouco do mundo é verdade.

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