Thursday, April 26, 2012
Tuesday, April 24, 2012
Lembrete
Aqui
Aqui fica registado.
Se foi falado não interessa,
fica feita a promessa
de que estou mesmo aqui ao lado.
Aqui fica registado.
Se foi falado não interessa,
fica feita a promessa
de que estou mesmo aqui ao lado.
Thursday, February 02, 2012
Monday, January 23, 2012
omnipresença (não)
Conheço-te quando estás
e quando sei que a tua mão cruzará com a minha
para sentir a tua pulsação,
a tua dor, a tua água,
és chuva que cai na plantação
das mais belas flores.
És o corpo mais presente de todos os corpos,
vejo-te crescer em todos os frutos
que vou colhendo, porque sei que lá estarás,
e nasces três vezes em cada um deles.
É, sou eu que te reproduzo no olhar,
cega que estou de tanto te querer ver.
Conheço-te quando vais
porque ficas sempre.
E a mão, que agora não encontra outra,
pede ao espelho que a acompanhe,
enquanto a ideia de ti aquece o reflexo
daquele corpo que também tu és.
Mas este lugar é controverso
porque não és a ideia de ti.
És filho da minha irracionalidade,
triplico-te, toco-te na superfície gelada,
és a chuva, és o mar e as flores.
Se te penso é porque que estás longe,
por isso, meu amor, não demores.
e quando sei que a tua mão cruzará com a minha
para sentir a tua pulsação,
a tua dor, a tua água,
és chuva que cai na plantação
das mais belas flores.
És o corpo mais presente de todos os corpos,
vejo-te crescer em todos os frutos
que vou colhendo, porque sei que lá estarás,
e nasces três vezes em cada um deles.
É, sou eu que te reproduzo no olhar,
cega que estou de tanto te querer ver.
Conheço-te quando vais
porque ficas sempre.
E a mão, que agora não encontra outra,
pede ao espelho que a acompanhe,
enquanto a ideia de ti aquece o reflexo
daquele corpo que também tu és.
Mas este lugar é controverso
porque não és a ideia de ti.
És filho da minha irracionalidade,
triplico-te, toco-te na superfície gelada,
és a chuva, és o mar e as flores.
Se te penso é porque que estás longe,
por isso, meu amor, não demores.
Thursday, January 19, 2012
Até amanhã, de Eugénio de Andrade
Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.
É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.
É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.
É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.
É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.
Thursday, December 15, 2011
Sunday, December 04, 2011
Friday, October 28, 2011
Thursday, October 27, 2011
Wednesday, October 26, 2011
Wednesday, October 19, 2011
"Don't fall in love with yourself"
Zizek em Wall Street.
“We’re not dreamers. We’re awaking from a dream turning into a nightmare. We’re not destroying anything. We’re watching the system destroy itself.”
Aqui: http://roarmag.org/2011/10/zizek-at-wall-street-protest-dont-fall-in-love-with-yourself/
“We’re not dreamers. We’re awaking from a dream turning into a nightmare. We’re not destroying anything. We’re watching the system destroy itself.”
Aqui: http://roarmag.org/2011/10/zizek-at-wall-street-protest-dont-fall-in-love-with-yourself/
Tuesday, October 18, 2011
Thursday, September 29, 2011
Thursday, September 22, 2011
do António Aleixo, Grande
Há luta por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande,
Façam das mil pequeninas
Uma só doutrina grande.
Se querem que o mundo ande,
Façam das mil pequeninas
Uma só doutrina grande.
Monday, August 08, 2011
- no subject -
É como
se a soma de todas as coisas
e de todos os sonos dormidos
me trouxesse
até aqui,
propositadamente,
acreditando que na dança das folhas
das árvores
há sentido para este passeio.
se a soma de todas as coisas
e de todos os sonos dormidos
me trouxesse
até aqui,
propositadamente,
acreditando que na dança das folhas
das árvores
há sentido para este passeio.
Tuesday, July 05, 2011
ficando moribunda
É a não-fome e o falso jejum
estou sempre tão cheia
de não te ter aqui.
E ali, onde paras,
são as horas e são as demoras
o meu corpo em revoltas.
eis que
decidiu o ventre rebentar em vértebras.
estou sempre tão cheia
de não te ter aqui.
E ali, onde paras,
são as horas e são as demoras
o meu corpo em revoltas.
eis que
decidiu o ventre rebentar em vértebras.
Thursday, May 19, 2011
Friday, May 13, 2011
brinco ou argola doirada
ainda te tenho
ainda te tenho cá dentro, ciganita,
e rodas as saias de malhas que trazes
vestidas, e rodas sabendo que nas investidas
que fazes
trazes contigo um vendaval.
oh, quisera saber-te eu sempre aqui
sem ter de recorrer ao mercado comum.
mas folgo a fome que me matas depois de tanto jejum.
ainda te tenho cá dentro, ciganita,
e rodas as saias de malhas que trazes
vestidas, e rodas sabendo que nas investidas
que fazes
trazes contigo um vendaval.
oh, quisera saber-te eu sempre aqui
sem ter de recorrer ao mercado comum.
mas folgo a fome que me matas depois de tanto jejum.
Tuesday, March 08, 2011
Saturday, February 19, 2011
a palavra é apenas uma memória
Ao ouvir uma canção o corpo responde. Inicialmente vibra apenas, mas após uns segundos sente uma necessidade maior de se movimentar mais e, acompanhado pelas batidas da música, desenvolve gestos mais ou menos bruscos, dependendo aí de quem dança. Ao som de algo estilo house ou jazz, pouco importa, o sujeito dono do corpo em causa torce e contorce os membros de forma ritmada. Independentemente do sítio, a dança desenvolve-se sempre da mesma forma. Poderá, contudo, provocar reacções diferentes, consoante o público. Há quem se mostre chocado pela animalidade demonstrada pelo bailarino. Há também quem lhe admire a coragem, ou até a graça – é uma questão de sensibilidade. Mas, em última análise, o sujeito não terá muito com que se preocupar. Uma vez que todos os elementos do público também possuem corpos todos estarão dançando, vítimas da mesma condição. Em suma, a dança é apenas um movimento.
Para contemplar um quadro é necessário que se abra os olhos para visualizá-lo. Há vezes em que o processo é complicado. Por exemplo, quando há uma grande variação na quantidade de luz recebida o sujeito pode sentir-se incomodado. Mas, uma vez ultrapassado este primeiro obstáculo, e na presença de uma pintura, é possível iniciar a contemplação. Quem o faz observa a presença ou ausência de cores, formas. Às vezes observa corpos de mulheres despidas ou crianças correndo. Analisa a situação em questão dentro dos limites da tela; vê o que lhe está defronte e fica. O processo não tem uma duração temporal específica, mas normalmente não vai além dos cinco minutos. Em suma, a contemplação de um quadro é apenas a visualização de uma tela.
Para dizer “mãe” é preciso recorrer-se a um arquivo de palavras. Apesar de estas, quando na língua materna, se assemelharem a designações naturais, a verdade é que são uma criação humana. Designaram-se os objectos, as sensações, os processos, enfim, tudo ou quase tudo quanto se conhece. A utilização de palavras na comunicação oral presume um conhecimento relativamente vasto de significados, de modo a que as palavras se possam articular e criar algum sentido. É necessário ter-se capacidade de armazenamento de informação para conseguir guardar esses conhecimentos. Em suma, a palavra é apenas uma memória.
Para contemplar um quadro é necessário que se abra os olhos para visualizá-lo. Há vezes em que o processo é complicado. Por exemplo, quando há uma grande variação na quantidade de luz recebida o sujeito pode sentir-se incomodado. Mas, uma vez ultrapassado este primeiro obstáculo, e na presença de uma pintura, é possível iniciar a contemplação. Quem o faz observa a presença ou ausência de cores, formas. Às vezes observa corpos de mulheres despidas ou crianças correndo. Analisa a situação em questão dentro dos limites da tela; vê o que lhe está defronte e fica. O processo não tem uma duração temporal específica, mas normalmente não vai além dos cinco minutos. Em suma, a contemplação de um quadro é apenas a visualização de uma tela.
Para dizer “mãe” é preciso recorrer-se a um arquivo de palavras. Apesar de estas, quando na língua materna, se assemelharem a designações naturais, a verdade é que são uma criação humana. Designaram-se os objectos, as sensações, os processos, enfim, tudo ou quase tudo quanto se conhece. A utilização de palavras na comunicação oral presume um conhecimento relativamente vasto de significados, de modo a que as palavras se possam articular e criar algum sentido. É necessário ter-se capacidade de armazenamento de informação para conseguir guardar esses conhecimentos. Em suma, a palavra é apenas uma memória.
Wednesday, February 09, 2011
Al Berto, à procura do vento num jardim de Agosto
Sei que darei ao meu corpo os prazeres que ele me exigir.
Vou usá-lo, desgastá-lo até ao limite suportável,
para que a morte nada encontre de mim quando vier.
Vou usá-lo, desgastá-lo até ao limite suportável,
para que a morte nada encontre de mim quando vier.
Monday, January 17, 2011
se quiser pode ficar
Não se deve ter medo da senhora,
deve deixar-se que entre.
Por que não? Mais um convidado em casa
é sempre bem querido.
Venha, senhora,
entre e encha o meu abrigo,
tenho aqui pedaços de alma
e sons a acompanhar.
Sei que domina a arte
de fazer sonhar.
Nem precisa de me falar disso,
sempre que a vejo recordo-me
dos tempos de criança,
que são tempos de agora, até,
nestas horas cheias de fé
em que o coração balança.
Ouvi dizer que gosta de CocoRosie
e escrever, é certo?
Aperto-lhe demasiado as mãos assim?
Ai, desculpe, só não quero que tenha frio,
chegue-se para perto, aqueça-se em mim.
O meu corpo é grande,
chega para nós duas.
deve deixar-se que entre.
Por que não? Mais um convidado em casa
é sempre bem querido.
Venha, senhora,
entre e encha o meu abrigo,
tenho aqui pedaços de alma
e sons a acompanhar.
Sei que domina a arte
de fazer sonhar.
Nem precisa de me falar disso,
sempre que a vejo recordo-me
dos tempos de criança,
que são tempos de agora, até,
nestas horas cheias de fé
em que o coração balança.
Ouvi dizer que gosta de CocoRosie
e escrever, é certo?
Aperto-lhe demasiado as mãos assim?
Ai, desculpe, só não quero que tenha frio,
chegue-se para perto, aqueça-se em mim.
O meu corpo é grande,
chega para nós duas.
Sunday, January 09, 2011
deserto em lugar de selva
Eu não sei o que faço aqui
- e é genuíno, sincero e até comedido,
na medida em que não expludo
em linguagens ou gestos ou sons.
São três...dois...um...segundos lentos
e lânguidos que passam doendo,
oh sonhos que outrora vibravam
num peito quente. E ardendo, sim,
ardendo depressa o que de mim jaz
agora, era madeira em lugar de coração,
eu sabia, é pó e cinza que desfaz.
- e é genuíno, sincero e até comedido,
na medida em que não expludo
em linguagens ou gestos ou sons.
São três...dois...um...segundos lentos
e lânguidos que passam doendo,
oh sonhos que outrora vibravam
num peito quente. E ardendo, sim,
ardendo depressa o que de mim jaz
agora, era madeira em lugar de coração,
eu sabia, é pó e cinza que desfaz.
Saturday, January 01, 2011
corre, mas não canses
Olá
Já chegaste e continuas tão longe
És horizonte e desejo mas medo,
não me leves a mal, sou nova nisto,
ou menos nova agora que chegaste.
Como é que continuas a chegar
dentro dos limites da normalidade
sem que ninguém te detenha?
Serás assim tão poderoso?
A criança que te desenha não vê
nos lápis de cor as sombras que trazes atrás
mas luz e forma,
em forma de paz.
Oh tempo-tão-poderoso não me leves
como ainda não levaste até agora,
ainda que tenha passeado contigo.
O teu saber é até amigo
quando me acompanha na aurora.
Já chegaste e continuas tão longe
És horizonte e desejo mas medo,
não me leves a mal, sou nova nisto,
ou menos nova agora que chegaste.
Como é que continuas a chegar
dentro dos limites da normalidade
sem que ninguém te detenha?
Serás assim tão poderoso?
A criança que te desenha não vê
nos lápis de cor as sombras que trazes atrás
mas luz e forma,
em forma de paz.
Oh tempo-tão-poderoso não me leves
como ainda não levaste até agora,
ainda que tenha passeado contigo.
O teu saber é até amigo
quando me acompanha na aurora.
Wednesday, December 29, 2010
multiculturalidade
hoje, num lapso dos tempos e das memórias,
lembrei que muito há de matemática na poesia
e na vida, e na poesia da vida, das histórias
que não remetem apenas a glórias de tempos passados
mas ao traçar de uma velha geografia.
tudo é poesia.
lembrei que muito há de matemática na poesia
e na vida, e na poesia da vida, das histórias
que não remetem apenas a glórias de tempos passados
mas ao traçar de uma velha geografia.
tudo é poesia.
Monday, December 27, 2010
manjar
E come
e come
e come,
mais fruta,
chocolate,
mais bolos,
as flores!, não!, as flores não!
mas é tarde, Trazes as mãos de polvo
com que por vezes escreves
e de onde sempre o prazer louco,
que achas pouco, provém.
Grita o pai, o avô, grita a mãe!,
eis banquete de beleza extrema
em que o lugar da contenda
dá forma à tradição.
Mas, e daí, as flores não,
o chocolate,
e as frutas,
e, ai, os bolos também.
Polvo na mesa, falo da tua mão,
e já pouco há que manjar.
Restam os gritos, os apitos,
as pessoas a celebrar,
as barrigas cheias e
cheias as flores de pesar,
não porque restem, mas porque sobram
as pétalas.
"e as texturas, os odores,
os hortos cheios de amores
e o carinho, onde pára o vinho
que se faz para beber? sóbrios,
sóbrios de tanto que é podre,
que se perdem no caminho
e sozinhas ficamos na jarra."
A mesa ficou vazia.
e come
e come,
mais fruta,
chocolate,
mais bolos,
as flores!, não!, as flores não!
mas é tarde, Trazes as mãos de polvo
com que por vezes escreves
e de onde sempre o prazer louco,
que achas pouco, provém.
Grita o pai, o avô, grita a mãe!,
eis banquete de beleza extrema
em que o lugar da contenda
dá forma à tradição.
Mas, e daí, as flores não,
o chocolate,
e as frutas,
e, ai, os bolos também.
Polvo na mesa, falo da tua mão,
e já pouco há que manjar.
Restam os gritos, os apitos,
as pessoas a celebrar,
as barrigas cheias e
cheias as flores de pesar,
não porque restem, mas porque sobram
as pétalas.
"e as texturas, os odores,
os hortos cheios de amores
e o carinho, onde pára o vinho
que se faz para beber? sóbrios,
sóbrios de tanto que é podre,
que se perdem no caminho
e sozinhas ficamos na jarra."
A mesa ficou vazia.
Thursday, December 23, 2010
ideia
Não, não vou a outras fontes que não as tuas
matas-me a sede sem ter que beber
só de olhar, a fundo, e
sem saber onde pára o mundo
dás-me vida e luz e saber.
matas-me a sede sem ter que beber
só de olhar, a fundo, e
sem saber onde pára o mundo
dás-me vida e luz e saber.
Monday, December 20, 2010
Euforia
cai neve no cérebro vivo do imaculado - dizem
que este milagres só são possíveis com rosas e
enganos - precisamente no segundo em que a insónia
transmuda os metais diurnos em estrume do coração
dizem também
que um duende dança na erecção do enforcado - o fulgor
dos sémenes venenosos alastra no brilho dos olhos e
um sussurro de tinta preta aflora os lábios
fere a mão de gelo que se aproxima da boca
o vómito da luz ergue-se
das palavras ditas em surdina
a seguir vem o sono
e o miraculado entra no voo dos cisnes
o dia cansa-se
na brutalidade com que a voz se atira contra as paredes
abrindo fendas
em toda a extensão das veias e dos tendões
quando desperta com o crepúsculo
o miraculado olha-nos fixamente e sorri
dá-nos uma rosa em forma de estilete - fechamos os olhos
sabendo que este é o maior engano
da eternidade
Al Berto
que este milagres só são possíveis com rosas e
enganos - precisamente no segundo em que a insónia
transmuda os metais diurnos em estrume do coração
dizem também
que um duende dança na erecção do enforcado - o fulgor
dos sémenes venenosos alastra no brilho dos olhos e
um sussurro de tinta preta aflora os lábios
fere a mão de gelo que se aproxima da boca
o vómito da luz ergue-se
das palavras ditas em surdina
a seguir vem o sono
e o miraculado entra no voo dos cisnes
o dia cansa-se
na brutalidade com que a voz se atira contra as paredes
abrindo fendas
em toda a extensão das veias e dos tendões
quando desperta com o crepúsculo
o miraculado olha-nos fixamente e sorri
dá-nos uma rosa em forma de estilete - fechamos os olhos
sabendo que este é o maior engano
da eternidade
Al Berto
Wednesday, December 01, 2010
pedaço
Caras sorrindo e esqueletos abrindo em flores
amores, tudo em festa, porque é esta
a rua certa no caminho à coisa-do-lado.
Nem é fado ou sorte do trevo,
é pralém do que escrevo e
é o brilho do servo interno,
eterno à construção dos edifícios,
prédios de canção e apego
de sorrateirices e desassossego
de brilhantarias ou misérias
ainda assim sérias
no objectivo comum da dança.
amores, tudo em festa, porque é esta
a rua certa no caminho à coisa-do-lado.
Nem é fado ou sorte do trevo,
é pralém do que escrevo e
é o brilho do servo interno,
eterno à construção dos edifícios,
prédios de canção e apego
de sorrateirices e desassossego
de brilhantarias ou misérias
ainda assim sérias
no objectivo comum da dança.
Tuesday, September 14, 2010
Thursday, September 02, 2010
Canção em zero quê's
Sei lá que te diga, que me diga,
digam-me o que dizer, que já não sei
já nem sei se no outro dia falei
ou só sonhei contigo.
Se foi nas palavras que me requebrei, em tempos,
surgiram contratempos e quebraram-se os laços
em possivelmente os piores percalços
da história dos corpos e altitudes.
Não, vento, não me mudes,
apesar das núvens, do bizarro e do frio,
eu sei que é o sono, em todo o seu vazio (todo...!)
e em breve chegará a sorte, em magote, o brio.
Como hei-de eu tocar no limbo se não através da palavra?
Para lá dele estarão os sentimentos, creio,
mas aqui onde semeio tempestades e sorrisos
ouvem-se os tambores, o rufar, e os guizos,
as óperas ao amar, em solos mais torcidos ou lisos
e vivo deles, destes sons de esperança e sonho
de que, tendo sono, me componho.
digam-me o que dizer, que já não sei
já nem sei se no outro dia falei
ou só sonhei contigo.
Se foi nas palavras que me requebrei, em tempos,
surgiram contratempos e quebraram-se os laços
em possivelmente os piores percalços
da história dos corpos e altitudes.
Não, vento, não me mudes,
apesar das núvens, do bizarro e do frio,
eu sei que é o sono, em todo o seu vazio (todo...!)
e em breve chegará a sorte, em magote, o brio.
Como hei-de eu tocar no limbo se não através da palavra?
Para lá dele estarão os sentimentos, creio,
mas aqui onde semeio tempestades e sorrisos
ouvem-se os tambores, o rufar, e os guizos,
as óperas ao amar, em solos mais torcidos ou lisos
e vivo deles, destes sons de esperança e sonho
de que, tendo sono, me componho.
Wednesday, August 11, 2010
Quando vê o Sol de lá de baixo
Onde pára a sensatez da coragem
em pratos limpos por estrear,
no chão? Nas escadarias?
Tudo isto é trabalho. Tudo.
O novo e insensível foi ali,
aqui é stops e trinta por uma linha,
mas de aço, ninguém a cambalear.
Apaga, e volta, para mais de mansinho tentar,
a revolta lá ficou a apagar e o fogo,
o doce nos queques do lanche é
um peixe em alto mar. Agora,
agora é que o é, atenção,
que antes das culpas
tudo era perdição.
Maldito sejas, copo de vidro,
que se cais te partes e feres,
e isso retrai. Quisera eu poder
voltar mas não vejo como,
presa no imaculado altar.
Sensatos são os pecadores
que sabem quão alto gritar.
em pratos limpos por estrear,
no chão? Nas escadarias?
Tudo isto é trabalho. Tudo.
O novo e insensível foi ali,
aqui é stops e trinta por uma linha,
mas de aço, ninguém a cambalear.
Apaga, e volta, para mais de mansinho tentar,
a revolta lá ficou a apagar e o fogo,
o doce nos queques do lanche é
um peixe em alto mar. Agora,
agora é que o é, atenção,
que antes das culpas
tudo era perdição.
Maldito sejas, copo de vidro,
que se cais te partes e feres,
e isso retrai. Quisera eu poder
voltar mas não vejo como,
presa no imaculado altar.
Sensatos são os pecadores
que sabem quão alto gritar.
Sunday, July 11, 2010
Feliz
tenho sono, tenho calma,
apesar das pequenas borbulhinhas
no corpo e na alma,
vou sair amanhã pela tarde.
Vinte
e duas horas depois das dezasseis,
é por lá que me baterei na rocha
trarei o fio no peito e uma tocha
para dormirmos sem medo.
Dias
que parecerão minutos escassos
tal será a ocasião e os espaços
assemelhar-se-ão
Ao
Sol
tenho sono, tenho calma,
apesar das pequenas borbulhinhas
no corpo e na alma,
vou sair amanhã pela tarde.
Vinte
e duas horas depois das dezasseis,
é por lá que me baterei na rocha
trarei o fio no peito e uma tocha
para dormirmos sem medo.
Dias
que parecerão minutos escassos
tal será a ocasião e os espaços
assemelhar-se-ão
Ao
Sol
Thursday, July 08, 2010
Sunday, July 04, 2010
Viagem em violento azul
Soubeste do pássaro que poisou no parapeito
da janela do jardim? Eu já não o encontrei
mas contaram-me que chegou por mim.
Trouxe orquídeas, orvalhos, odores,
horas de alturas ardendo amores,
mas perdi-me nas pedras do passeio
viajei em voltas, em voltas vagueio
vendo se o via, mas já o perdi.
Soubeste do calor que cantou na cidade?
Não o senti, mas em boa verdade
soube, como se sabem nesta idade,
os trauteios da sombra e da saudade.
Que o calor que cantou caiu pela calçada
queimando os pés a pedra perfurante
do transeunte distante, e ardeu longe,
Longo e distante, o peito do breve amante
em largos decalques de sol cortante.
da janela do jardim? Eu já não o encontrei
mas contaram-me que chegou por mim.
Trouxe orquídeas, orvalhos, odores,
horas de alturas ardendo amores,
mas perdi-me nas pedras do passeio
viajei em voltas, em voltas vagueio
vendo se o via, mas já o perdi.
Soubeste do calor que cantou na cidade?
Não o senti, mas em boa verdade
soube, como se sabem nesta idade,
os trauteios da sombra e da saudade.
Que o calor que cantou caiu pela calçada
queimando os pés a pedra perfurante
do transeunte distante, e ardeu longe,
Longo e distante, o peito do breve amante
em largos decalques de sol cortante.
Tuesday, June 29, 2010
o zero desconstruido e continuado
trinta e três segundos trocados
na meia hora passada das nove,
espaços baralhados em cena
que espelham a inócua contenda
que um relógio de braço promove.
na meia hora passada das nove,
espaços baralhados em cena
que espelham a inócua contenda
que um relógio de braço promove.
Tuesday, June 15, 2010
consciência do real (zero)
E é quando tudo vem
que quase tudo foi
não fosse a nossa cabeça
a natural-mãe
de todas as coisas.
que quase tudo foi
não fosse a nossa cabeça
a natural-mãe
de todas as coisas.
Tuesday, June 08, 2010
(des)construção contida
Cada camada caiu, como
cai cuidadosamente chuva.
"ca...
ca...
ca..."
Chão consigo, caudal que corre,
Corro comigo como calha
Calhou calhar aqui no blogue
ai deus deixe que me afogue
já me perdi da velha malha.
Cânones? Ali.
cai cuidadosamente chuva.
"ca...
ca...
ca..."
Chão consigo, caudal que corre,
Corro comigo como calha
Calhou calhar aqui no blogue
ai deus deixe que me afogue
já me perdi da velha malha.
Cânones? Ali.
Saturday, June 05, 2010
Roald Dahl
Até me tinha esquecido de como gostava disto
Cinderella
[...]
I guess you think you know this story.
You don't. The real one's much more gory.
The phoney one, the one you know,
Was cooked up years and years ago,
And made to sound all soft and sappy
just to keep the children happy.
Mind you, they got the first bit right,
The bit where, in the dead of night,
The Ugly Sisters, jewels and all,
Departed for the Palace Ball,
While darling little Cinderella
Was locked up in a slimy cellar,
Where rats who wanted things to eat,
Began to nibble at her feet.
[...]
E melhor que ler, só mesmo ouvir.
Cinderella
[...]
I guess you think you know this story.
You don't. The real one's much more gory.
The phoney one, the one you know,
Was cooked up years and years ago,
And made to sound all soft and sappy
just to keep the children happy.
Mind you, they got the first bit right,
The bit where, in the dead of night,
The Ugly Sisters, jewels and all,
Departed for the Palace Ball,
While darling little Cinderella
Was locked up in a slimy cellar,
Where rats who wanted things to eat,
Began to nibble at her feet.
[...]
E melhor que ler, só mesmo ouvir.
Friday, June 04, 2010
Thursday, June 03, 2010
hoje
Queria dizer um mundo de flores e pássaros mas
as palavras não chegam. E se assim é, que se cumpra
a lei natural das coisas e se deixe tanto por dizer,
ainda que na certeza da sua essência. É o brilho,
é claridade, é a vontade e a verdade, é a vida!,
lá fora onde eu estarei a tocar o Sol num bater de
pestanas, esquecida da limitação das palavras,
sabendo apenas que o mundo é feito de luz.
as palavras não chegam. E se assim é, que se cumpra
a lei natural das coisas e se deixe tanto por dizer,
ainda que na certeza da sua essência. É o brilho,
é claridade, é a vontade e a verdade, é a vida!,
lá fora onde eu estarei a tocar o Sol num bater de
pestanas, esquecida da limitação das palavras,
sabendo apenas que o mundo é feito de luz.
Tuesday, June 01, 2010
Sunday, May 30, 2010
Reset
GRITOS
Gritos
Gritos
Suspiros que não são bonitos
nem na forma, nem na essência
sorrisos que estão restritos
a uma triste complacência
está bem
está bem
está mal
Já ouvi, está mal,
dá-me licença que quero passar.
Já é de dia e está sol
e tenho pressa de mudar.
eu deixo
tu deixas
avancemos
Ainda está escuro (trouxe óculos)
e sinto a pele a arder,
tenho medo.
"Se somos um espectro de luz - como as estrelas e não o planetas - e se a luz nos alimenta, vamos ficar obesos de bronze!"
Já não tenho medo
mas ainda não fervo
por dentro.
O espectro é ainda servo
de uma luz em escuro-claro
que é o meu amparo.
Amperes, amperes,
mulheres,
luminosas mulheres
brilhantes,
na forma e no resto
que é bem maior
que o Universo.
Sou eu
E tu
E ela
Lua nova na cidadela.
Gritos
Gritos
Suspiros que não são bonitos
nem na forma, nem na essência
sorrisos que estão restritos
a uma triste complacência
está bem
está bem
está mal
Já ouvi, está mal,
dá-me licença que quero passar.
Já é de dia e está sol
e tenho pressa de mudar.
eu deixo
tu deixas
avancemos
Ainda está escuro (trouxe óculos)
e sinto a pele a arder,
tenho medo.
"Se somos um espectro de luz - como as estrelas e não o planetas - e se a luz nos alimenta, vamos ficar obesos de bronze!"
Já não tenho medo
mas ainda não fervo
por dentro.
O espectro é ainda servo
de uma luz em escuro-claro
que é o meu amparo.
Amperes, amperes,
mulheres,
luminosas mulheres
brilhantes,
na forma e no resto
que é bem maior
que o Universo.
Sou eu
E tu
E ela
Lua nova na cidadela.
Sunday, May 23, 2010
the screaming head says
Quero rasgar as cartas que te escrevi
ou queimá-las, para não ter mais de as ver,
mas temo o cheiro que tragam as cinzas.
quero esquecer,
quero esquecer as melodias,
as tuas mãos, as fotografias,
os dedos entrelaçados os olhos
os fados e os folhos das saias que usei
só para te ver sorrir. quero
quero esquecer a vontade, a beleza,
a saudade, a certeza,
deixar-me de prantos
que são tantos, são
são tantos.
Talvez te devesse dar as cartas
e gritar-te ao estômago, pelas borboletas,
tudo de um só fôlego,
sem cinismos, sem letras,
sem mecanismos ou mediações.
Quisera eu ter vários corações
para poder dividir o tanto que trago,
ou queimar as cartas, descoraçada,
que são elas mais tuas que minhas e,
afinal, não valem de nada.
ou queimá-las, para não ter mais de as ver,
mas temo o cheiro que tragam as cinzas.
quero esquecer,
quero esquecer as melodias,
as tuas mãos, as fotografias,
os dedos entrelaçados os olhos
os fados e os folhos das saias que usei
só para te ver sorrir. quero
quero esquecer a vontade, a beleza,
a saudade, a certeza,
deixar-me de prantos
que são tantos, são
são tantos.
Talvez te devesse dar as cartas
e gritar-te ao estômago, pelas borboletas,
tudo de um só fôlego,
sem cinismos, sem letras,
sem mecanismos ou mediações.
Quisera eu ter vários corações
para poder dividir o tanto que trago,
ou queimar as cartas, descoraçada,
que são elas mais tuas que minhas e,
afinal, não valem de nada.
Wednesday, May 12, 2010
Penso
Parto para procurar perdidas
Pérolas, porque perdi pedaço,
Parto parco palavroso, pois
Passei, ponderei, pondero, passo,
Peço paciência para provável percalço.
Pérolas, porque perdi pedaço,
Parto parco palavroso, pois
Passei, ponderei, pondero, passo,
Peço paciência para provável percalço.
Tuesday, May 11, 2010
Visão
Vejo vastos vales verdejando
Varrendo vagas vicissitudes.
Violetas vaidosas viajando,
Veio vento, veio voando,
Voam violetas voltando.
Varrendo vagas vicissitudes.
Violetas vaidosas viajando,
Veio vento, veio voando,
Voam violetas voltando.
Sunday, May 09, 2010
No móvel, imóvel
Era um cacho de uvas em cima da mesa
e tu, sorrindo encantadoramente,
percebeste que o cacho de uvas em cima da mesa
era eu.
Valha-nos o Deus e os tempos,
que em alturas de tristeza
decidiu, sua alteza,
ser uvas!
- Anda trabalhar,
vem, estuda, pensa,
canta, sorri! Eu trouxe,
eu trouxe um presente
para ti.
Sorris, continuas percebendo,
acho até que a culpa disto é tua.
Mas o sorriso não é malicioso,
e o fardo, a mim, não pesa,
acho que estamos num estado de gozo
que ninguém percebe e, a mim,
não me interessa.
- Mamã, a Maria não está,
não andes aí a pedir-lhe coisas.
- Não está? Mas ainda agora...
- Teve que ir embora. Deixa.
Gosto de te ver assim o cabelo,
encaracolado, tocando-te no pescoço,
e a mim gosto de me ver o roxo,
a pele e o caroço.
Tudo é grande, é rosadinho,
e eu não tenho caminho.
e tu, sorrindo encantadoramente,
percebeste que o cacho de uvas em cima da mesa
era eu.
Valha-nos o Deus e os tempos,
que em alturas de tristeza
decidiu, sua alteza,
ser uvas!
- Anda trabalhar,
vem, estuda, pensa,
canta, sorri! Eu trouxe,
eu trouxe um presente
para ti.
Sorris, continuas percebendo,
acho até que a culpa disto é tua.
Mas o sorriso não é malicioso,
e o fardo, a mim, não pesa,
acho que estamos num estado de gozo
que ninguém percebe e, a mim,
não me interessa.
- Mamã, a Maria não está,
não andes aí a pedir-lhe coisas.
- Não está? Mas ainda agora...
- Teve que ir embora. Deixa.
Gosto de te ver assim o cabelo,
encaracolado, tocando-te no pescoço,
e a mim gosto de me ver o roxo,
a pele e o caroço.
Tudo é grande, é rosadinho,
e eu não tenho caminho.
Friday, April 30, 2010
suspiro
O corpo
O corpo pálido de saber onde mora a janela
do teu animal pede
que o visites no lugar onde lhe deixaste plantado
o verde mais teu que da natureza
e sabe, o corpo sabe
que na leveza desta visão clarificada
mora a certeza brotada
do teu jardim em flor.
O corpo pálido de saber onde mora a janela
do teu animal pede
que o visites no lugar onde lhe deixaste plantado
o verde mais teu que da natureza
e sabe, o corpo sabe
que na leveza desta visão clarificada
mora a certeza brotada
do teu jardim em flor.
Wednesday, April 21, 2010
sonho 3
Subi a escadaria eterna,
no meio do prado, em caracol,
e ladeada por uma núvem terna,
bamboleou-se-me a cansada perna
e encadeou-me o Sol.
Soube que não podia descer.
"Se chegaste aqui,
consegues voltar!"
Não, eu sabia que não,
e de medo faltou-me o ar.
no meio do prado, em caracol,
e ladeada por uma núvem terna,
bamboleou-se-me a cansada perna
e encadeou-me o Sol.
Soube que não podia descer.
"Se chegaste aqui,
consegues voltar!"
Não, eu sabia que não,
e de medo faltou-me o ar.
Friday, April 16, 2010
Parque
Paro, escuto, olho.
ACORDA, diz o outro
que sabe melhor que eu onde me encontro
e é perto de uma passadeira.
Que vergonha, será que percebeu,
o que é que me deu?
Estava de tal maneira
que nem o vi aproximar.
E, bem, verdade é que na cabeceira
tenho uma colecção inteira
de poemas, a estragar,
de sementes que vou guardando
para um dia plantar.
ACORDA, diz o outro
que sabe melhor que eu onde me encontro
e é perto de uma passadeira.
Que vergonha, será que percebeu,
o que é que me deu?
Estava de tal maneira
que nem o vi aproximar.
E, bem, verdade é que na cabeceira
tenho uma colecção inteira
de poemas, a estragar,
de sementes que vou guardando
para um dia plantar.
Thursday, April 15, 2010
tarde cheia de luz
Essa capa destapa a pele
das verdades e de quem se é.
Ai que belo! Que divertido!
Tão amarelo! Tão bonito!
Tudo, claro, isto tudo sentido,
juro, juro, querido,
não te estou a mentir.
Para quê desenlaçar o presente?
Fica tão bem o enfeite
e deixa todos a sorrir.
Dá trabalho, não é,
cavar, arrancar, partir,
trazer ao de cima, e, ao de leve,
devagarinho, gostar.
Tudo que é rápido é intenso!
Ao amor? Não, não sou propensa,
obrigada,
prefiro seguir o fado de ver o mundo
de fora.
Deste lado é sempre hora
de cantar.
das verdades e de quem se é.
Ai que belo! Que divertido!
Tão amarelo! Tão bonito!
Tudo, claro, isto tudo sentido,
juro, juro, querido,
não te estou a mentir.
Para quê desenlaçar o presente?
Fica tão bem o enfeite
e deixa todos a sorrir.
Dá trabalho, não é,
cavar, arrancar, partir,
trazer ao de cima, e, ao de leve,
devagarinho, gostar.
Tudo que é rápido é intenso!
Ao amor? Não, não sou propensa,
obrigada,
prefiro seguir o fado de ver o mundo
de fora.
Deste lado é sempre hora
de cantar.
Tuesday, April 13, 2010
Devolvo (tentando não desenvolver)
Txau,
até logo,
até depois,
já cá venho.
Se não te vejo, não te tenho
comigo, e se te oiço uns sussurros
parece que crescem muros
que te silenciam.
A quem pertenciam
os meus gestos? A mim?
Não creio,
mas se pensas que me chateio
desengana-te. Os gestos são dos mundos
mais supérfluos ou mais profundos,
e trazê-los é devolvê-los a casa
numa brisa que vem e esvoaça
e me faz chegar.
As minhas marcas são para te chamar
ao meu mundo,
que me parece muito supérfluo
ou pouco profundo
quando não te consigo encontrar.
até logo,
até depois,
já cá venho.
Se não te vejo, não te tenho
comigo, e se te oiço uns sussurros
parece que crescem muros
que te silenciam.
A quem pertenciam
os meus gestos? A mim?
Não creio,
mas se pensas que me chateio
desengana-te. Os gestos são dos mundos
mais supérfluos ou mais profundos,
e trazê-los é devolvê-los a casa
numa brisa que vem e esvoaça
e me faz chegar.
As minhas marcas são para te chamar
ao meu mundo,
que me parece muito supérfluo
ou pouco profundo
quando não te consigo encontrar.
Sunday, April 11, 2010
Olhar lilás para as coisas
Onde estás tu?
Tanto tempo passou desde que te vi
a tomar chá no café da esquina.
Imagina que tenho passado lá!
Já era de prever, eu sei
que sabes o meu jeito
imperfeito, eu sei, eu sei, mas
imaginei ver-te no domingo.
Dia bonito, hã, este dia de Primavera
A cada dia que passa desinvernam-se os tempos
os tormentos, e também se encerra
uma estação.
Está-me a aquecer o coração
de ver as flores florir
faz-me viver, faz-me feliz,
faz-me escutar aquela canção
dos meus tempos de infância.
Ai, a reminiscência do agir
traz-me tão mais que poesia,
tão, tão mais que poesia,
alegria.
Tanto tempo passou desde que te vi
a tomar chá no café da esquina.
Imagina que tenho passado lá!
Já era de prever, eu sei
que sabes o meu jeito
imperfeito, eu sei, eu sei, mas
imaginei ver-te no domingo.
Dia bonito, hã, este dia de Primavera
A cada dia que passa desinvernam-se os tempos
os tormentos, e também se encerra
uma estação.
Está-me a aquecer o coração
de ver as flores florir
faz-me viver, faz-me feliz,
faz-me escutar aquela canção
dos meus tempos de infância.
Ai, a reminiscência do agir
traz-me tão mais que poesia,
tão, tão mais que poesia,
alegria.
Friday, April 09, 2010
it's that mood indigo (indagando)
Conta-me das tuas histórias,
daquelas que ficaram para trás
e das outras que estão por vir
Fala-me das tuas memórias
mais antigas, e das outras,
e trauteia canções que gostes de ouvir.
Diz-me aqui, baixinho,
qual é a tua cor favorita?
É aquela que tens no sorriso
que trazes contigo?
Ai! Fala-me, fala-me das mudanças,
das tuas mudanças e das tuas esperanças
daquilo que te move, que te muda,
daquilo que sabes e te aturda
o pensamento!
Qual foi o momento
mais especial da tua vida?
O que guardas aí, nessa sacola,
que trazes ao ombro, meia aberta,
olha que ainda te é descoberta
a graça. É que até me embaraça
o teu encantamento.
Qual foi o momento
mais engraçado do teu dia?
Fala-me do teu sonho, da tua fome,
da utopia que trazes nos olhos,
para ver o mundo assim.
É que, às vezes, a mim,
a coisa cega e eu perco-me.
O que é que te prende à Terra?
O que é que te traz aqui, agora,
que não trouxe mais cedo, e demora
a ser dito? O que é que achas bonito?
daquelas que ficaram para trás
e das outras que estão por vir
Fala-me das tuas memórias
mais antigas, e das outras,
e trauteia canções que gostes de ouvir.
Diz-me aqui, baixinho,
qual é a tua cor favorita?
É aquela que tens no sorriso
que trazes contigo?
Ai! Fala-me, fala-me das mudanças,
das tuas mudanças e das tuas esperanças
daquilo que te move, que te muda,
daquilo que sabes e te aturda
o pensamento!
Qual foi o momento
mais especial da tua vida?
O que guardas aí, nessa sacola,
que trazes ao ombro, meia aberta,
olha que ainda te é descoberta
a graça. É que até me embaraça
o teu encantamento.
Qual foi o momento
mais engraçado do teu dia?
Fala-me do teu sonho, da tua fome,
da utopia que trazes nos olhos,
para ver o mundo assim.
É que, às vezes, a mim,
a coisa cega e eu perco-me.
O que é que te prende à Terra?
O que é que te traz aqui, agora,
que não trouxe mais cedo, e demora
a ser dito? O que é que achas bonito?
Thursday, April 08, 2010
Wednesday, April 07, 2010
"Em 77 todos se drogavam"
O título não é meu, mas valeu a pena roubar.
Especial atenção nos segundos 0:30 e 1:47. E, já agora, reparem como a música encaixa nas situações a ponto de ser - quase - assustador.
Espero que se riam tanto quanto eu me ri.
Especial atenção nos segundos 0:30 e 1:47. E, já agora, reparem como a música encaixa nas situações a ponto de ser - quase - assustador.
Espero que se riam tanto quanto eu me ri.
Tuesday, April 06, 2010
Perco (tudo sempre no auge)
Será o momento que desertou
maior no pensamento
que na realidade? Ou fora
assim tão enorme como me parece
agora? Foi verdade?
Foi, ou é, ou o que se passa,
como se traça o mundo
entretanto,
enquanto não estou contigo,
enquanto revejo tanto?
É sonho? Ou é pesadelo?
maior no pensamento
que na realidade? Ou fora
assim tão enorme como me parece
agora? Foi verdade?
Foi, ou é, ou o que se passa,
como se traça o mundo
entretanto,
enquanto não estou contigo,
enquanto revejo tanto?
É sonho? Ou é pesadelo?
Thursday, March 18, 2010
Pra não dizer que não falei das flores
Vem, vamos embora
que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
não espera acontecer
que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
não espera acontecer
Tuesday, March 16, 2010
Veio com um gigante sorriso amarelo
O telefone está a tocar
(e tenho medo que pare)
Xiuuu, sossegadinho, coração,
a menina vem já e vem pela mão
da Aurora,
que faz tempo, e é hora,
de cantar!
"Sei bem que esperaste por mim,
desculpa a demora. Cá estou,
vim de aonde me levou
a estranheza. Mas vagou,
e resta espaço à incerteza,
e quero brincar.
No parque, achas que ainda
há lá lugar para mais um?
É que estou em jejum
até de pular!
Hoje sei que os meninos
do parque
me estão a chamar. Às
vezes
tenho vergonha. Mas a timidez
é medo de
amar.
Então vamos, e deixa-me lá,
amedrontada
e
arrebatada,
pela luz dos sorrisos que
não pára de
me apaixonar."
(e tenho medo que pare)
Xiuuu, sossegadinho, coração,
a menina vem já e vem pela mão
da Aurora,
que faz tempo, e é hora,
de cantar!
"Sei bem que esperaste por mim,
desculpa a demora. Cá estou,
vim de aonde me levou
a estranheza. Mas vagou,
e resta espaço à incerteza,
e quero brincar.
No parque, achas que ainda
há lá lugar para mais um?
É que estou em jejum
até de pular!
Hoje sei que os meninos
do parque
me estão a chamar. Às
vezes
tenho vergonha. Mas a timidez
é medo de
amar.
Então vamos, e deixa-me lá,
amedrontada
e
arrebatada,
pela luz dos sorrisos que
não pára de
me apaixonar."
Saturday, February 13, 2010
carta a um amigo
há dias perguntaram-me
porque deixara de escrever.
gostei do breve reparo
e, sem mais amparo,
apresso-me a responder:
D,
escrevo pelo motivo.
Pelo motivo do canto,
da dedicatória,
do escrever, ou da memória,
ou do antever.
escrevo com gosto, com vontade,
escrevo com alguma verdade
e com algum querer.
não sou bem eu quem me traz,
sou mais eu quem se desfaz,
pelas palavras.
requebro-me, perco-me nelas,
aprendo-as e traduzo-as.
Escrever não é pois passatempo
é obrigação do tempo
que corre.
E se não escrevi, sabe,
foi pelo motivo.
Não tendo motivo não tenho comigo
as palavras, que me têm a mim.
é do sono que se apossou,
uma matéria sublime e decrépita,
que me cega, me aturda, me surda,
deixando-me apaticamente muda.
Se não escrevi não foi por falta de tempo,
foi por tempo a mais, tempo estranho,
daquele onde não me revejo
nem em frente ao espelho.
Mas, amigo D.,
obrigada pelo reparo,
e olá uma outra vez.
Terá sido daí que voltei?
Talvez.
Mas prefiro acreditar que não,
desculpa,
é que se aqui há culpa
deixa-me matá-la sozinha.
É o tal sono, sabes?
Aquele de que falo às vezes,
mas estou a mandá-lo embora.
Motivos.
É o caminho que constrói a fortuna
e é dele que vivemos,
embora por vezes nos apartemos,
até mesmo do ser, ou do ideal,
ou das motivações.
Quis que soubesses, amigo D.,
que para além de escrever para ti
escrevo por ti, por mim, para mim.
Escrevo para a vida, para a escrita,
para as metamorfoses e para a memória
para as motivações, para a beleza,
para aquilo que aconteça
com este pedaço de história.
Ainda que seja pouco, será para quem quiser.
E, entretanto,
amanheceu.
porque deixara de escrever.
gostei do breve reparo
e, sem mais amparo,
apresso-me a responder:
D,
escrevo pelo motivo.
Pelo motivo do canto,
da dedicatória,
do escrever, ou da memória,
ou do antever.
escrevo com gosto, com vontade,
escrevo com alguma verdade
e com algum querer.
não sou bem eu quem me traz,
sou mais eu quem se desfaz,
pelas palavras.
requebro-me, perco-me nelas,
aprendo-as e traduzo-as.
Escrever não é pois passatempo
é obrigação do tempo
que corre.
E se não escrevi, sabe,
foi pelo motivo.
Não tendo motivo não tenho comigo
as palavras, que me têm a mim.
é do sono que se apossou,
uma matéria sublime e decrépita,
que me cega, me aturda, me surda,
deixando-me apaticamente muda.
Se não escrevi não foi por falta de tempo,
foi por tempo a mais, tempo estranho,
daquele onde não me revejo
nem em frente ao espelho.
Mas, amigo D.,
obrigada pelo reparo,
e olá uma outra vez.
Terá sido daí que voltei?
Talvez.
Mas prefiro acreditar que não,
desculpa,
é que se aqui há culpa
deixa-me matá-la sozinha.
É o tal sono, sabes?
Aquele de que falo às vezes,
mas estou a mandá-lo embora.
Motivos.
É o caminho que constrói a fortuna
e é dele que vivemos,
embora por vezes nos apartemos,
até mesmo do ser, ou do ideal,
ou das motivações.
Quis que soubesses, amigo D.,
que para além de escrever para ti
escrevo por ti, por mim, para mim.
Escrevo para a vida, para a escrita,
para as metamorfoses e para a memória
para as motivações, para a beleza,
para aquilo que aconteça
com este pedaço de história.
Ainda que seja pouco, será para quem quiser.
E, entretanto,
amanheceu.
grito às aranhas
Sete. Sete da manhã que sabem a noite
e é noite, está escuro lá fora.
Onde pára a aurora?
Configurei o meu olhar com limites de moldura pitoresca
e quero voltar a ver o mundo às corezinhas
mas está-me a custar.
sabem, estou a chorar.
talvez seja deste sono
imundo
este sono profundo
que se estende
pelo corpo
pela sede
pelo desejo
ai! se soubesses como prevejo
os dias anteriores a mim!
eu sei, eu sei que vou voltar,
digo-o repetidamente
digo
digo
digo
digo esperançosamente
que só a posso deixar morrer
depois de mim.
às vezez de que vale a pena viver
se não por capricho dos outros?
não tenhais pena,
não sou vítima,
mas às vezes,
nestas vezes,
a dor é tão íntima
que não dá para entender.
discorro.
não me levem muito a sério,
eu não me levo muito a sério,
talvez o problema seja esse.
mas não me entristece,
triste é a apatia
que se apossou de mim.
mas na selvajadaria das ramificações
eu sei que serei mais forte
é a mente
é o brio
é a sorte
é o canto em magote
que repito assim assim.
vou dormir, eventualmente,
e será em breve, garanto.
vim só discorrer este pranto
que quis sair, fugir assim,
depressa e em espanto.
é sinal que sobrevive num recanto
aquilo que me aquece
e num breve sopro reaparece
relembrando-me de mim.
vou dormir.
quando acordar, virei pé ante pé,
devagarinho, com algum cuidado,
que o sono ficará adormecido
demente, podre, entorpecido,
esquecido, seco e vago.
e é noite, está escuro lá fora.
Onde pára a aurora?
Configurei o meu olhar com limites de moldura pitoresca
e quero voltar a ver o mundo às corezinhas
mas está-me a custar.
sabem, estou a chorar.
talvez seja deste sono
imundo
este sono profundo
que se estende
pelo corpo
pela sede
pelo desejo
ai! se soubesses como prevejo
os dias anteriores a mim!
eu sei, eu sei que vou voltar,
digo-o repetidamente
digo
digo
digo
digo esperançosamente
que só a posso deixar morrer
depois de mim.
às vezez de que vale a pena viver
se não por capricho dos outros?
não tenhais pena,
não sou vítima,
mas às vezes,
nestas vezes,
a dor é tão íntima
que não dá para entender.
discorro.
não me levem muito a sério,
eu não me levo muito a sério,
talvez o problema seja esse.
mas não me entristece,
triste é a apatia
que se apossou de mim.
mas na selvajadaria das ramificações
eu sei que serei mais forte
é a mente
é o brio
é a sorte
é o canto em magote
que repito assim assim.
vou dormir, eventualmente,
e será em breve, garanto.
vim só discorrer este pranto
que quis sair, fugir assim,
depressa e em espanto.
é sinal que sobrevive num recanto
aquilo que me aquece
e num breve sopro reaparece
relembrando-me de mim.
vou dormir.
quando acordar, virei pé ante pé,
devagarinho, com algum cuidado,
que o sono ficará adormecido
demente, podre, entorpecido,
esquecido, seco e vago.
Friday, January 29, 2010
Tuesday, December 29, 2009
Corda
Há uma corda que me prende
os membros
e não me está a deixar fugir.
Então fico, na apatia,
na dor da apatia,
e estando a sorrir,
não estou
nem estou,
não me deixa partir.
Estado ou ser?
Não sei.
Nem sei se é dor
se é recorte de caminho.
seja como for
sei que tenho de me compor
sei que quero ficar sozinho.
Tenho um isqueiro na mão,
(tenho mesmo!)
Mas não tenho a força para fazer arder
a corda
que me está a prender.
Acendo um cigarro, e outro,
tudo fácil,
tudo que é fácil,
eu faço por fazer.
Bebo a água, que traz o trago amargo
de um limão,
e não lhe ponho açúcar.
Sozinho, quero ficar sozinho,
Sozinho porque livre de pensamento.
É que se estiveres tu no sonho
estou atado na corda,
na apatia, no medonho,
que é estar preso em mim próprio
sem estar, no entanto,
propriamente em mim.
F.
os membros
e não me está a deixar fugir.
Então fico, na apatia,
na dor da apatia,
e estando a sorrir,
não estou
nem estou,
não me deixa partir.
Estado ou ser?
Não sei.
Nem sei se é dor
se é recorte de caminho.
seja como for
sei que tenho de me compor
sei que quero ficar sozinho.
Tenho um isqueiro na mão,
(tenho mesmo!)
Mas não tenho a força para fazer arder
a corda
que me está a prender.
Acendo um cigarro, e outro,
tudo fácil,
tudo que é fácil,
eu faço por fazer.
Bebo a água, que traz o trago amargo
de um limão,
e não lhe ponho açúcar.
Sozinho, quero ficar sozinho,
Sozinho porque livre de pensamento.
É que se estiveres tu no sonho
estou atado na corda,
na apatia, no medonho,
que é estar preso em mim próprio
sem estar, no entanto,
propriamente em mim.
F.
Wednesday, December 23, 2009
Osklen SPFW 2009
E digam o que disserem, venha o que vier, esta será sempre uma das minhas marcas de eleição.
Sunday, December 20, 2009
carta 2
O que é escrito, escrito está,
E fica, fica, fica, fica...
Ainda que as luzes digam adeus.
Mas olha, assim como assim,
Pode ser que não chegue quem leia
Já que todos têm que fazer.
É que se há coisa que chateia
É meter-se em vida alheia
Sem ter muito que dizer.
É a coisa do remetente, já disse,
E não se quer enviar cartas erradas.
É que há uns a quem chegam certeiras,
Perfurando-os como espadas,
Mudando histórias inteiras.
"Ai, desculpa, não era para ti!"
Tarde demais.
É que a escrita fica, fica, fica...
E não fica para ti.
Fica para todos, aqui, ou ali,
Fica para quem quiser ler.
E quem lê chega à cova dos lobos
Que muitas vezes descobre
O que nem tem que saber.
Fechemos então os olhos.
Digamos adeus à claridade.
Silêncio. Ouvir. Sentidos.
Já que tão pouco do mundo é verdade.
E fica, fica, fica, fica...
Ainda que as luzes digam adeus.
Mas olha, assim como assim,
Pode ser que não chegue quem leia
Já que todos têm que fazer.
É que se há coisa que chateia
É meter-se em vida alheia
Sem ter muito que dizer.
É a coisa do remetente, já disse,
E não se quer enviar cartas erradas.
É que há uns a quem chegam certeiras,
Perfurando-os como espadas,
Mudando histórias inteiras.
"Ai, desculpa, não era para ti!"
Tarde demais.
É que a escrita fica, fica, fica...
E não fica para ti.
Fica para todos, aqui, ou ali,
Fica para quem quiser ler.
E quem lê chega à cova dos lobos
Que muitas vezes descobre
O que nem tem que saber.
Fechemos então os olhos.
Digamos adeus à claridade.
Silêncio. Ouvir. Sentidos.
Já que tão pouco do mundo é verdade.
Friday, December 18, 2009
Canção da esperança
O mundo faz-me rir.
Se porque tropeço ou meço mal os passos
O mundo traz-me rir.
Por quanto de sol há lá fora
E por quanto brilha na aurora
O mundo deixa-me rir.
E se eu caiu nos enganos,
Redondamente,
Reparo, se a memória não mente,
Que por cada vez que remedeio os panos
Cresço outros vinte anos
E rio perdidamente.
Se porque tropeço ou meço mal os passos
O mundo traz-me rir.
Por quanto de sol há lá fora
E por quanto brilha na aurora
O mundo deixa-me rir.
E se eu caiu nos enganos,
Redondamente,
Reparo, se a memória não mente,
Que por cada vez que remedeio os panos
Cresço outros vinte anos
E rio perdidamente.
Sunday, December 13, 2009
sonho 2
Hoje trazias as calças velhas,
Disseste que querias correr à chuva.
Mas o que é que te deu?
Ainda ontem um amigo meu
Me lembrou que é Dezembro
E está frio, homem!
Disseste que querias correr à chuva.
Mas o que é que te deu?
Ainda ontem um amigo meu
Me lembrou que é Dezembro
E está frio, homem!
Discurso da gerbera amarela
Há uma flor de que eu gosto, e é a gerbera. De todas as cores que pode ter, prefiro vê-la amarela.
Às vezes vendem gerberas à porta de minha casa, na Avenida 22 de Dezembro, e quando as compro é para oferecer à minha mãe, que gosta de flores amarelas.
A gerbera tem um caule comprido e muitas pétalas, fininhas. O centro é mais escuro que elas, geralmente. Quando as pétalas são amarelas, o centro é castanho e parece peludo. Às vezes faço-lhe festinhas. É, literalmente, fofinho.
Eu gosto de gerberas. Elas comunicam comigo quase naturalmente - confesso que nos esquecemos das questões de mediação e de interditos quando estamos juntas - e com uma linguagem muito simples. Eu olho para ela, e ela fica. Gosto de a contemplar e às vezes consegue transmitir-me a calma que a caracteriza. É giro.
Eu gosto de gerberas. Gosto especialmente das amarelas, que me lembram a minha mãe - eu gosto da minha mãe. Brilham muito e chegam a parecer sóis. Quando as ofereço à minha mãe e ela sorri também parece um sol.
Eu gosto de gerberas. Devia haver mais canteiros pelo mundo fora. Nos passeios, entre as pedrinhas, gostava que crescessem gerberas. Assim podia, de vez em quando, trazer uma flor no cabelo. Então se fosse amarela é que era! É que eu gosto da cor, e é até a cor do meu cabelo.
Às vezes vendem gerberas à porta de minha casa, na Avenida 22 de Dezembro, e quando as compro é para oferecer à minha mãe, que gosta de flores amarelas.
A gerbera tem um caule comprido e muitas pétalas, fininhas. O centro é mais escuro que elas, geralmente. Quando as pétalas são amarelas, o centro é castanho e parece peludo. Às vezes faço-lhe festinhas. É, literalmente, fofinho.
Eu gosto de gerberas. Elas comunicam comigo quase naturalmente - confesso que nos esquecemos das questões de mediação e de interditos quando estamos juntas - e com uma linguagem muito simples. Eu olho para ela, e ela fica. Gosto de a contemplar e às vezes consegue transmitir-me a calma que a caracteriza. É giro.
Eu gosto de gerberas. Gosto especialmente das amarelas, que me lembram a minha mãe - eu gosto da minha mãe. Brilham muito e chegam a parecer sóis. Quando as ofereço à minha mãe e ela sorri também parece um sol.
Eu gosto de gerberas. Devia haver mais canteiros pelo mundo fora. Nos passeios, entre as pedrinhas, gostava que crescessem gerberas. Assim podia, de vez em quando, trazer uma flor no cabelo. Então se fosse amarela é que era! É que eu gosto da cor, e é até a cor do meu cabelo.
Monday, December 07, 2009
sonho 1
Sempre quiseste saber o canto dos pássaros,
Rapazinho da viola!
Achavas mesmo que ias voar?
Tua mãe não te deu asas,
e eu que até chilreio
também não tas sei dar!
Rapazinho da viola!
Achavas mesmo que ias voar?
Tua mãe não te deu asas,
e eu que até chilreio
também não tas sei dar!
Pim pam pum
,cada bala mata um
Lá em cima do Huambo
Tem um copo com veneno
Quem bebeu
morreu
Pim pam pum, cada bala mata um
Lá em cima do Huambo
Tem um copo com veneno
Quem bebeu
morreu
Quiribi, quiribi macaco
Macaco que é boa
Lá em cima do Huambo
Tem um copo com veneno
Quem bebeu
morreu
Pim pam pum, cada bala mata um
Lá em cima do Huambo
Tem um copo com veneno
Quem bebeu
morreu
Quiribi, quiribi macaco
Macaco que é boa
Monday, November 23, 2009
carta
Convencionado está que a carta seja um pedaço de papel no qual se podem inscrever letras que, formando palavras (numa determinada língua), constituam uma mensagem que se pretende enviar de uma entidade a outra, materializadas num remetente e num destinatário. A carta é, portanto, um meio através do qual um interlocutor se pronuncia, na sua própria ausência, a um determinado alguém. Visto a distância latente neste processo de comunicação, inevitável, percebe-se que a relação que entre os dois se estabelece é indirecta. De qualquer modo, todo o tipo de diálogo é uma comunicação indirecta, uma vez que a linguagem representa a materialização das ideias, primariamente formadas no pensamento. A comunicação é, portanto, um meio de exteriorização, e não é possível que o seja de outra maneira. A distância nunca é verdadeiramente anulada. Idealmente, tal só poderia concretizar-se através da telepatia, onde um sujeito poderia transmitir a outro aquilo que realmente pensava, mas tal não parece verificar-se. Voltando à questão da carta, e de uma outra perspectiva, menos formal, pode entender-se que o diálogo por ela estabelecido é ilusório, visto que as duas partes estão fisicamente ausentes. Para além da necessidade da exteriorização e consequente materialização dos pensamentos, o indivíduo ainda perde a imediaticidade que o processo anteriormente indicado acarreta e não pode agir sobre as suas ideias. Segundo Kafka, o que é enviado pela carta é então assombrado por fantasmas que se apoderam das acções contidas nas palavras, praticando-as, vivendo delas. Um beijo escrito é bebido pelos fantasmas, como se tal se tratasse de um néctar de juventude, que continuamente os mantém vivos. Logo, um beijo escrito pouco mais é que isso mesmo, visto que não se materializa num beijo. Apesar de tudo, um beijo escrito pode resultar num aquecer da alma, num toque de carinho. Isto se a mensagem for entregue à pessoa certa, se chegar num momento oportuno, se causar “no destinatário” a sensação que o remetente pretende. Voltando à metáfora dos fantasmas, isto acontecerá se, por caso de uma excepção à regra, a carta conseguir resistir, pelo menos um pouco mais, às mãos de tais sedentas espécies. Neste sentido, ou nestas excepções, as cartas são verdadeiras formas de expressão da alma.
A propósito de cartas, é curiosa a forma como por aí se pede que “não se bata no mensageiro” – visto ser um “simples” transportador, que nada terá a ver com a mensagem a ser enviada. No entanto, e de salientar, é fulcral o papel que tem o mensageiro que, no cumprimento da sua função, permite a conclusão do sentido da carta, ao fazê-la chegar à pessoa destinada. Quando uma carta se perde, ou chega às “mãos erradas”, não deixa de ser, formalmente, uma carta. Mas o sentido verdadeiro da carta perde-se, voltando a ser apenas a matéria que a formou: um pedaço de papel, as letras inscritas, o envelope. Há, claramente, diferença entre uma carta que chega ao destinatário e outra que não o faz, como existe diferença entre o estar e o ser. Uma mensagem que chega verdadeiramente ao destino transporta uma mensagem que existe, existindo para alguém. Na que fica pelo caminho está uma mensagem que nunca o chega a ser, na sua plenitude, visto que não cumpre a sua função. A carta que não chega ao seu destino é uma falsa carta, pois que só poderá ter no receptor um de dois efeitos: ou servirá para motivos terceiros, alheios à carta em si (como, por exemplo, para fazer chantagem), ou provocar-lhe-á, no seu expoente máximo, o pleno sentimento de indiferença.
No conto “A Carta Roubada”, de Edgar Allan Poe, são duas as cartas que captam particularmente a atenção do leitor; uma que no início da peripécia é roubada (à pessoa a quem fora enviada, por parte de Ministro D.) e uma outra que Dupin escreve para substituir – aparentemente – a primeira. A carta que é roubada, é-lo por motivos de um terceiro que, ao tê-la em sua posse, ganha algum poder sobre um outro personagem. O conto gira pois em torno das buscas que são feitas no sentido de a encontrar e devolver ao seu verdadeiro destinatário. Cedo se percebe que a carta fora perspicazmente escondida (visto que todas as buscas efectuadas na casa de Ministro D., por parte do perfeito, são infrutíferas). Dupin, de uma forma imprevisível. por aqui infere – e por alguns outros detalhes que lhe são fornecidos pelo perfeito – que o único sítio onde a carta poderá estar será mesmo nos aposentos do - já certo – ladrão, mas, se não escondida, à vista de todos. Como tal, dirige-se ao local em questão e, confirmada a sua suposição, troca a carta roubada/procurada por uma outra. A forma desta segunda carta é semelhante à primeira – para que o ladrão não se aperceba prontamente do sucedido. Mas não só; também o é para que o Ministro D. só a leia num determinado momento: quando desconfiar que a carta que tem na sua posse não é já a carta que tinha. E quando, por via da dúvida, o Ministro D. ler a carta que Dupin lhe deixou, lerá uma mensagem que, inscrita num pedaço de papel, através de letras que, lá inscritas, formam palavras, estará destinada a ele próprio. O remetente, conhecê-lo-á pela caligrafia. No caso, será uma verdadeira carta.
Ainda que minada pelos fantasmas que sempre se apossam das cartas, pois que quem as escreve está ausente no momento da sua leitura por parte do destinatário, esta carta consegue, de certa forma, ser a excepção à regra. Isto porque é bem provável esta carta, apesar da sua limitação física, mexa verdadeiramente com os sentimentos da pessoa a quem se destina, o Ministro D. Citando Kafka, “No entanto, se é uma ilusão, é de qualquer modo perfeita”. Como se, de alguma forma, a carta substituísse perfeitamente a presença de Dupin e a ameaça que essa presença significa.
A propósito de cartas, é curiosa a forma como por aí se pede que “não se bata no mensageiro” – visto ser um “simples” transportador, que nada terá a ver com a mensagem a ser enviada. No entanto, e de salientar, é fulcral o papel que tem o mensageiro que, no cumprimento da sua função, permite a conclusão do sentido da carta, ao fazê-la chegar à pessoa destinada. Quando uma carta se perde, ou chega às “mãos erradas”, não deixa de ser, formalmente, uma carta. Mas o sentido verdadeiro da carta perde-se, voltando a ser apenas a matéria que a formou: um pedaço de papel, as letras inscritas, o envelope. Há, claramente, diferença entre uma carta que chega ao destinatário e outra que não o faz, como existe diferença entre o estar e o ser. Uma mensagem que chega verdadeiramente ao destino transporta uma mensagem que existe, existindo para alguém. Na que fica pelo caminho está uma mensagem que nunca o chega a ser, na sua plenitude, visto que não cumpre a sua função. A carta que não chega ao seu destino é uma falsa carta, pois que só poderá ter no receptor um de dois efeitos: ou servirá para motivos terceiros, alheios à carta em si (como, por exemplo, para fazer chantagem), ou provocar-lhe-á, no seu expoente máximo, o pleno sentimento de indiferença.
No conto “A Carta Roubada”, de Edgar Allan Poe, são duas as cartas que captam particularmente a atenção do leitor; uma que no início da peripécia é roubada (à pessoa a quem fora enviada, por parte de Ministro D.) e uma outra que Dupin escreve para substituir – aparentemente – a primeira. A carta que é roubada, é-lo por motivos de um terceiro que, ao tê-la em sua posse, ganha algum poder sobre um outro personagem. O conto gira pois em torno das buscas que são feitas no sentido de a encontrar e devolver ao seu verdadeiro destinatário. Cedo se percebe que a carta fora perspicazmente escondida (visto que todas as buscas efectuadas na casa de Ministro D., por parte do perfeito, são infrutíferas). Dupin, de uma forma imprevisível. por aqui infere – e por alguns outros detalhes que lhe são fornecidos pelo perfeito – que o único sítio onde a carta poderá estar será mesmo nos aposentos do - já certo – ladrão, mas, se não escondida, à vista de todos. Como tal, dirige-se ao local em questão e, confirmada a sua suposição, troca a carta roubada/procurada por uma outra. A forma desta segunda carta é semelhante à primeira – para que o ladrão não se aperceba prontamente do sucedido. Mas não só; também o é para que o Ministro D. só a leia num determinado momento: quando desconfiar que a carta que tem na sua posse não é já a carta que tinha. E quando, por via da dúvida, o Ministro D. ler a carta que Dupin lhe deixou, lerá uma mensagem que, inscrita num pedaço de papel, através de letras que, lá inscritas, formam palavras, estará destinada a ele próprio. O remetente, conhecê-lo-á pela caligrafia. No caso, será uma verdadeira carta.
Ainda que minada pelos fantasmas que sempre se apossam das cartas, pois que quem as escreve está ausente no momento da sua leitura por parte do destinatário, esta carta consegue, de certa forma, ser a excepção à regra. Isto porque é bem provável esta carta, apesar da sua limitação física, mexa verdadeiramente com os sentimentos da pessoa a quem se destina, o Ministro D. Citando Kafka, “No entanto, se é uma ilusão, é de qualquer modo perfeita”. Como se, de alguma forma, a carta substituísse perfeitamente a presença de Dupin e a ameaça que essa presença significa.
Friday, November 20, 2009
De novo, nua. Despida e exposta, as minhas verdades são os meus textos, as minhas mentiras são os meus silêncios. Não consigo calar esta voz que fala por mim, que me conhece melhor que eu e me expõe. Ainda que eu cale a boca, a voz há-de sair por mim.
Os caminhos arbustescos não são tão lineares assim, e se a madeira cede não significa que eu caia mesmo. Tudo é em exagero, ou em brutidade. E levantar-me não implica que tenha magoado os joelhos, só que os sujei e vou limpá-los, mas até gosto de tomar banho.
Os caminhos arbustescos não são tão lineares assim, e se a madeira cede não significa que eu caia mesmo. Tudo é em exagero, ou em brutidade. E levantar-me não implica que tenha magoado os joelhos, só que os sujei e vou limpá-los, mas até gosto de tomar banho.
Thursday, November 19, 2009
Sunday, November 15, 2009
Saturday, November 14, 2009
traço
Eu não acredito mais em ti.
Porque se disse nunca, e nunca o será,
Mentira fora desde o tempo em que expectava.
Ou até esse tempo, bendito sejas,
olvido a morte da esperança,
Que onde quer que tu estejas
aqui manténs pequena herança.
Serás tu, ou serei eu,
ou seremos nós o luar.
Se o Sol não brilhar,
(ainda que apartados)
Será pelo eclipse.
Quer queiras,quer não,
Sabes que o tempo espera
Onde não espera a certeza,
Que a apatia é a revolta da indiferença.
Que seja a revelia a presença da ideia
embora macaca que não se penteia,
Que estarás perto, ainda que pelo fantasma.
Fantasma? Fantasma da carta?
É o velho súbdito do ser que prevalece
Onde o morto se esquece
Mesmo que existe.
Pois que a dor persista,
Já que a emoção não é mais que detalhe da hora.
Embora pareça que demora,
Não é mais que o segundo.
Ficas, estás, no fundo,
No meio desse pirinéu,
Tamanho seja o submundo,
Que se é o teu mundo
Quisera que fosse meu.
Odeio gostar assim.
Odeio gostar (de ti) assim. (mas eu sei que gostas de mim)
Porque se disse nunca, e nunca o será,
Mentira fora desde o tempo em que expectava.
Ou até esse tempo, bendito sejas,
olvido a morte da esperança,
Que onde quer que tu estejas
aqui manténs pequena herança.
Serás tu, ou serei eu,
ou seremos nós o luar.
Se o Sol não brilhar,
(ainda que apartados)
Será pelo eclipse.
Quer queiras,quer não,
Sabes que o tempo espera
Onde não espera a certeza,
Que a apatia é a revolta da indiferença.
Que seja a revelia a presença da ideia
embora macaca que não se penteia,
Que estarás perto, ainda que pelo fantasma.
Fantasma? Fantasma da carta?
É o velho súbdito do ser que prevalece
Onde o morto se esquece
Mesmo que existe.
Pois que a dor persista,
Já que a emoção não é mais que detalhe da hora.
Embora pareça que demora,
Não é mais que o segundo.
Ficas, estás, no fundo,
No meio desse pirinéu,
Tamanho seja o submundo,
Que se é o teu mundo
Quisera que fosse meu.
Odeio gostar assim.
Odeio gostar (de ti) assim. (mas eu sei que gostas de mim)
Monday, October 26, 2009
Wednesday, October 21, 2009
Bicho
Tenho um bicho por dentro
Que me está a comer.
Caramba! Queria-o fora
Fora daqui,
Que me corrói, de fora e no centro,
Juro que é um tormento
E está-me a endoidecer.
Isto é...
Desde a aurora, que se faz escurecer.
É um bicho feroz, ofensivo,
Sai-se por meio das entranhas,
E vem-se, cheio de manhas,
Dizendo-me coisas estranhas
Que não consigo entender.
Só o consigo é sentir
Que ele não fala,
mas faz-se ouvir.
Odeio-o. Odeio-o na substância
Como se odeia a chuva num vendaval.
Não pertence! Não tem de estar
Mas está, na inevitabilidade da presença.
Eis odiável e odiosa pertença
Pois a dor é minha e dói tanto
Que é doença.
Que me está a comer.
Caramba! Queria-o fora
Fora daqui,
Que me corrói, de fora e no centro,
Juro que é um tormento
E está-me a endoidecer.
Isto é...
Desde a aurora, que se faz escurecer.
É um bicho feroz, ofensivo,
Sai-se por meio das entranhas,
E vem-se, cheio de manhas,
Dizendo-me coisas estranhas
Que não consigo entender.
Só o consigo é sentir
Que ele não fala,
mas faz-se ouvir.
Odeio-o. Odeio-o na substância
Como se odeia a chuva num vendaval.
Não pertence! Não tem de estar
Mas está, na inevitabilidade da presença.
Eis odiável e odiosa pertença
Pois a dor é minha e dói tanto
Que é doença.
Tuesday, October 13, 2009
Ali
Grito por nós, pois que posso,
Pois que trago em mim cantar,
Grito, canto, rio e troço,
(Só dos outros que não cantam),
Pois eu canto até chorar.
E cantaremos os dois, por aí fora.
As flores, colhê-las-emos pela manhã,
Esquecendo-se-nos então as bocas de gritar.
O silêncio aí será merecido
Terá já o grito vencido
E o olhar também gosta de falar.
E correremos os dois, p'lo campo fora,
Descalços, queira-nos a relva receber,
Nessa corrida que se faz por aí fora
Onde o tempo esqueceu a hora
E demora a escurecer.
Até já, meu amor.
Pois que trago em mim cantar,
Grito, canto, rio e troço,
(Só dos outros que não cantam),
Pois eu canto até chorar.
E cantaremos os dois, por aí fora.
As flores, colhê-las-emos pela manhã,
Esquecendo-se-nos então as bocas de gritar.
O silêncio aí será merecido
Terá já o grito vencido
E o olhar também gosta de falar.
E correremos os dois, p'lo campo fora,
Descalços, queira-nos a relva receber,
Nessa corrida que se faz por aí fora
Onde o tempo esqueceu a hora
E demora a escurecer.
Até já, meu amor.
Monday, September 14, 2009
um
Eu acho que 1 + 1 = 1
porque sou gente das humanidades, como o povo gosta de dizer, e sei pouco de números.
mais sei de poesia.
e nela, 1+1
...
porque sou gente das humanidades, como o povo gosta de dizer, e sei pouco de números.
mais sei de poesia.
e nela, 1+1
...
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