Wednesday, January 21, 2009

Hei-los, aos elos.

- Olá! Estou aqui de novo, Mamã. Trouxe-Te um presente.
- Ai sim? Então? Mostra-mo, quero vê-lo!
- Não. Não To posso já mostrar.
- Mas não o trouxeste para mim?
- Sim, Mamã. Mas não Mo peças e não esperes que To dê já.
- Porquê?
- Ah, e não perguntes, Mamã.
- Que do alto dos teus 7 anos já falas assim! Arrogância, meu filho. É disso que padeces.
- Não, Mamã. Secalhar não Te devia ter dito nada. Mas enfim, tenho, para Ti, um presente. Às vezes não me contenho. Acho que sou demasiado pequeno para guardar demasiadas coisas. Às vezes, rebento-me por dentro. Impludo. Um dia, hei-de explodir e pedaços de mim serão espalhados. Eu estarei em toda a parte. Um dia, ou umas vezes. As vezes.
- Não fales assim, que me agonias. Mas guardas-me um segredo!
- Não, que para Ti não os tenho. Mas vou adiar-Te o meu presente. Vou adiar o dia em que To darei, gloriosamente.
- Modéstia, meu filho. Modéstia.
- As virtudes, Mamã, são algumas das adversidades da vida. Agora, quero pecar, ser bandido, fugir, saltar e assaltar, roubar beijos, correr em matos selvagens e não voltar para jantar.
- Ah! O eterno desejo do efémero pecador. Olha que isso, meu filho, dura pouco. Um dia acordarás para a triste realidade que a vida tem para te dar.
- Ah, como Te quero presentear! Não penses em mim como um atreito às maleitas, um malandro. Sou um louco e quero sonhar! E sei que sonharás comigo, Mamã! Quando Te der o presente, serás como eu. Porque, no fundo, eu sei que somos iguais.

SEREMOS CARNE DA MESMA CARNE
TU ÉS
EU SEI QUE ÉS
ÓRGÃO DO MEU SER INCONSOLÁVEL - UM DESEJO DE LOUCURA ETERNO
AI !

Grita-me hoje que o dia é FINITO

Grita-me hoje.

eu GRITO.

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